Artista Pedro Weingãrtner - Currículo do Artista
VOCE ESTÁ AQUI: Delphus Galeria Artistas
Pedro Weingãrtner
Pedro Weingärtner
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Pedro Weingärtner (Porto Alegre, 26 de
julho de 1853 — Porto Alegre, 26 de dezembro
de 1929) foi um pintor, desenhista e gravurista
teuto-brasileiro.
Filho de imigrantes alemães, provavelmente foi
introduzido na arte por seu pai, que era um
desenhista diletante. Com 24 anos decidiu
dedicar-se à pintura e foi estudar na Europa às
suas próprias custas. Depois de algum tempo
passou a ser financiado pelo imperador Dom
Pedro II. Permaneceu vários anos frequentando
academias famosas e recebendo orientação de
distinguidos professores. Depois de terminada
sua preparação instalou um atelier em Roma,
mas viajava com freqüência para o Brasil, onde
fez muitas exposições e conheceu a fama, sendo
considerado um dos melhores pintores
brasileiros em atividade. Nos seus últimos anos
fixou-se em Porto Alegre, mas passou a
enfrentar a concorrência dos pintores da nova
geração, inclinados para a estética modernista.
Viveu num período de profundas
transformações na sociedade e na cultura do
ocidente, em que se chocaram dois modelos
radicalmente diversos de civilização. Foi um fiel
e disciplinado seguidor dos princípios
acadêmicos mais conservadores, mas não
permaneceu alheio ao mundo em mutação ao seu redor, e sua obra vasta e polimorfa é um sensível
reflexo das contradições de seu tempo. Seu estilo funde elementos neoclássicos, românticos,
naturalistas e realistas, expresso em paisagens, cenas de gênero e retratos, dedicando-se também
aos temas clássicos e mitológicos. Sua contribuição mais notável à arte brasileira talvez sejam suas
pinturas de inspiração regionalista, retratando imigrantes e gaúchos em suas atividades típicas,
que têm grande valor estético e documental, sendo um pioneiro neste campo temático. Era dono de
uma técnica refinada que dava grande atenção ao detalhe, e que em certos momentos se
aproximou da fidelidade fotográfica. Deixou também vários trabalhos em gravura em metal, outro
campo em que foi um precursor no Brasil.
Quando faleceu, as vanguardas modernistas já o consideravam um artista ultrapassado, e com a
hegemonia que rapidamente conquistaram sua produção foi esquecida com a mesma celeridade.
Somente nas últimas décadas vem recuperando prestígio. No Rio Grande do Sul sua posição já está
assegurada como o mais notável dos seus pintores acadêmicos e como uma figura fundamental
para o entendimento da evolução das artes no estado na virada do século XIX para o século XX, e
embora tenha trabalhos em inúmeras coleções privadas e em grandes museus do Brasil, o que se
conhece de sua vida e obra ainda é em muito fragmentário e desconexo. Vários pesquisadores,
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 2/31
Estudos anatômicos, sem
data. Pinacoteca Barão de
Santo Ângelo
especialmente gaúchos, atualmente estão se dedicando a remediar esta situação, e sua reputação
começa a se restabelecer no resto do país, mas muito ainda está por fazer para que sua
contribuição seja corretamente entendida e apreciada.
Era filho dos imigrantes alemães Inácio Weingärtner e Angélica Schäfer. Seu pai apreciava a arte e
desenhava amadoristicamente, transmitindo seu gosto para seus cinco filhos e duas filhas. Seus
irmãos Inácio Junior, Miguel e Jacob levariam a arte a sério e se dedicariam à litografia, e com
toda probabilidade Pedro foi iniciado nas artes gráficas por Inácio Junior, que era oito anos mais
velho e fora aluno de um respeitado litógrafo alemão domiciliado em Porto Alegre, Augusto Lanzac
von Chanac, mantendo mais tarde uma oficina gráfica própria que ganhou fama na cidade
produzindo todo tipo de ilustração e impresso, incluindo retratos e paisagens urbanas. Walter
Spalding referiu, a partir de informações transmitidas pela viúva do pintor, que ele teria recebido
lições de desenho de Araújo Guerra, hábil caricaturista português, mas isso parece improvável, já
que só constam registros de sua presença na cidade a partir de 1880. Aquiles Porto Alegre disse
que Pedro frequentou o ateliê do pintor Delfim da Câmara, embora não se saiba se era um aprendiz
ou mero visitante.[1][2]
Depois da morte do pai, em 1867, Weingärtner teve que buscar emprego para auxiliar a família
numerosa. Conseguiu uma colocação na Ferragem Rech, e por sua dedicação ganhou a confiança
do patrão e passou a receber um ótimo salário, mas a jornada era longa e não lhe permitia praticar
suas habilidades artísticas senão à noite, em poucas horas que roubava ao sono. Angelo Guido, seu
primeiro e principal biógrafo, afirmou que ele detestava o trabalho e por isso, em 1877, chegou a
adoecer gravemente. Mudando-se para o campo, sob os cuidados da família, alarmada com sua
condição, em poucos meses estava restabelecido, tendo passado todo este tempo entregue a
desenhar e a pintar. Mais tarde ele reconheceria que a doença fora providencial, permitindo-lhe
reconhecer inequivocamente sua verdadeira vocação.[3]
Assim, em 12 de fevereiro de 1878, reunindo suas economias e
enfrentando forte resistência familiar, Weingärtner partiu para a
Europa, a fim de obter formação acadêmica no Liceu de Artes e Ofícios
de Hamburgo. Mas não permaneceu ali, dirigindo-se em outubro do
mesmo ano para Karlsruhe, a fim de ingressar na Academia Grão-
ducal de Arte de Baden, na época dirigida por Ferdinand Keller. Nesta
conceituada escola estudou com Theodor Poeckh e também
possivelmente com Ernst Hildebrand, e deve ter recebido influência
do próprio Keller. Segundo um atestado de frequência emitido pela
escola, ele fez "muitos progressos".[4]
Com a transferência de Hildebrand para Berlim em 1880, Weingärtner abandonou a escola e o
seguiu, matriculando-se em 12 de outubro na Real Academia de Artes da Prússia, onde iniciou seu
treinamento na pintura a óleo. Datam desta época suas primeiras paisagens, e seus avanços já
eram significativos o bastante para poder enviar alguns trabalhos para a Exposição Brasileira-
Alemã de Porto Alegre. A influência de seus mestres alemães se revela no seu amor pelo detalhe,
pela obra diminuta e pela dedicação à pintura de gênero então em voga, com um estilo realista e
suas temáticas poéticas e sentimentais do cotidiano popular. Outros pintores que podem ter
deixado uma marca em sua produção foram os românticos alemães do início do século, como
Vida
Primeiros anos
Estudos na Europa
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 3/31
Atelier na Academia Julian,
c. 1882. Museu de Arte do
Rio Grande do Sul
Má colheita, 1889. Coleção particular
Ludwig Richter e Ferdinand Waldmüller, e contemporâneos seus
como Hans Thoma, Karl von Piloty, Franz von Defregger, Max
Liebermann e Emil Schindler.
[2][5]
Nesta altura sua situação financeira começou a se tornar difícil, suas
economias se esgotavam, e aparentemente a família não tinha
condições de ampará-lo. Sem poder sustentar-se, decidira arranjar
emprego como fotógrafo e abandonar a pintura. A situação foi
revertida temporariamente através de uma pequena pensão oferecida
por seus amigos brasileiros Martin Bromberg, Jacob Koch e
Bartolomeu Sesiani, ricos comerciantes em viagem turística que ele
encontrou por acaso, podendo com este auxílio continuar seus
estudos.[6]
Em 1882 se dirigiu a Paris, na França, onde estudou na Academia Julian com Tony Robert-Fleury e
William Adolphe Bouguereau, artistas de enorme fama que permaneciam fiéis à tradição
acadêmica em plena efervescência do surgimento das vanguardas pré-modernistas, como o
impressionismo. Em Paris disciplinou-se no estudo do nu, um motivo muito prezado pelo público
francês e considerado obrigatório para que um artista demonstrasse sua competência, e entrou em
contato mais profundo com a tradição clássica, o que se refletiu em obras de caráter historicista
inspiradas em temas da Antiguidade.
[2][7] Também ali deve ter sido introduzido na técnica da
gravura em metal.
[8]
Em 1883, novamente na penúria, foi obrigado a abandonar a Academia Julian. Para poder
completar sua formação, em 13 de abril solicitou uma pensão ao imperador Dom Pedro II, a qual,
por intervenção do Barão de Itajubá, embaixador brasileiro em Paris, reforçada com um atestado
de proficiência que Bouguereau forneceu, lhe foi concedida em janeiro do ano seguinte, ao valor de
trezentos francos.
[2][9]
Em 1884 participou de seu primeiro salão da
Academia Imperial de Belas Artes, na cidade do Rio
de Janeiro, para onde enviou dois retratos, um do
frei Caetano de Troyana e outro do kaiser
Guilherme I, bem como cinco estudos de cabeças
realizados ainda em Berlim, os quais, se não lhe
granjearam muita notoriedade, pelo menos
justificaram sua pensão aos olhos do governo
brasileiro.[2]
No ano seguinte excursionou pelo Tirol, fixando-se
em Mayrhofen, onde a título de experiência executou obras inspiradas no impressionismo com
tipos e paisagens locais, mas por fim optou deliberadamente por seguir sua índole acadêmica,
acentuando-se o caráter realista de suas composições. Depois visitou Munique, na época o mais
dinâmico centro da cultura alemã, onde teve aulas com Karl von Piloty. A viagem não foi longa,
devido a exigências nos termos de seu contrato de pensão, e em 1886 seguiu para Roma, onde
abriu em 1887 um ateliê na Villa Strohl-fern, um palacete com cem ateliês de aluguel que foram
frequentados por muitos artistas que se tornariam famosos, como Ilya Repin, Emil Fuchs e Mikhail
Vrubel.
[2][10]
Após sua instalação, já ausente do Brasil há muitos anos, pediu autorização do imperador para
uma visita de seis meses à pátria, chegando em Porto Alegre em agosto de 1887 e sendo recebido
com festa em um navio embandeirado lotado de amigos e admiradores. Embora em férias, pintou
Maturidade e fama
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 4/31
Bailarinas, 1896. Pinacoteca Barão de Santo
Ângelo
Pompeianas no caldário, 1900. Pinacoteca
APLUB
Ceifa em Anticoli, 1903. Pinacoteca do Estado de
São Paulo.
vários retratos que causaram impressão muito
positiva e mostrou obras trazidas da Europa,
tornando-se logo uma unanimidade de crítica e de
público, objeto de várias notas e artigos na
imprensa. Por força dos compromissos assumidos,
deixou Porto Alegre em novembro, seguindo para o
Rio de Janeiro, onde realizou sua primeira
exposição individual, em fevereiro de 1888.
Apresentando dez trabalhos, o evento foi um êxito.
Oscar Guanabarino, arrebatado, o considerou o
mais destacado pintor do Brasil.[2][8] Aproveitou a
estadia na cidade para visitar o imperador, a fim de
expressar sua gratidão pelo auxílio recebido.
Durante o encontro o monarca admirou-se com a
tela Direitos documentados, que viu em uma
fotografia trazida pelo artista. Informado de que a
obra lhe fora enviada da Europa como presente,
disse que ela jamais havia chegado às suas mãos.
Weingärtner acabou descobrindo que ela havia
ficado retida na alfândega e, não sendo reclamada,
fora posta em leilão, e teve grandes trabalhos para
localizá-la e recuperá-la do adquirente. O caso foi
muito comentado na imprensa e atraiu grande
público adicional para a exposição que estava em
andamento.[11]
Terminadas suas férias, voltou a Roma, onde
iniciou um período especialmente fértil de sua
carreira, trabalhando incansavelmente e visitando
locais de interesse histórico e artístico, como ruínas,
museus e monumentos, sendo especialmente
atraído pela aura fascinante de Pompeia e
Herculano, que alimentaram seu amor pela
Antiguidade e lhe abriram um novo repertório de
motivos e modelos formais.[12][13] Roma, embora já
não sendo mais o foco da vanguarda artística
europeia como fora durante séculos antes, ainda era
um grande polo cultural, escolhida como domicílio
de outros importantes artistas brasileiros em formação, como Zeferino da Costa e Henrique
Bernardelli, com quem manteve contato, e ali pode ter recebido influência dos acadêmicos realistas
Giacomo Favretto, Nino Costa, do grupo In Arte Libertas e sobretudo de Domenico Morelli, na
época o mais destacado representante italiano desta escola.[13][14] Seu atelier, como registrou
Ercole Cremona, "era um verdadeiro repositório de coisas de arte, metodicamente grupadas; peles
raras de animais da terra distante punham no ambiente um quê de saudade... Nesse ambiente vivia
o pintor, trabalhava de sol a sol".[15] Passava os verões no vilarejo de Anticoli Corrado, em
companhia de seu amigo e pintor espanhol Mariano Barbasan, desfrutando da paisagem luminosa
e colorida da região, que surge em vários trabalhos de fatura mais livre e cores mais vibrantes,
onde parece apreciar mais a pura materialidade da pintura.[16]
Até 1920 ficaria dividido entre Itália
e Brasil, realizando muitas viagens e diversas exposições individuais e coletivas, em geral vendendo
bem, às vezes os lotes inteiros de suas individuais.[2]
Em 1891, já no Brasil, foi contratado como professor de Desenho Figurado na Escola Nacional de
Belas Artes, no Rio, mas passava suas férias no sul, onde aprofundou seu interesse pelos aspectos
típicos das regiões de colonização alemã e italiana, que já havia começado a abordar ainda na
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 5/31
Chegou tarde!, 1890. Museu Nacional de Belas
Artes
Vida nova (Nova Veneza), 1893. Acervo
municipal de Nova Veneza
Europa há alguns anos. Datam deste período obras importantes como Tempora mutantur (1889),
Chegou tarde! (1890), Fios emaranhados (1892) e Kerb (1892).[17] Em 1893, ano em que demitiu-
se do cargo na Escola Nacional, foi incluído na representação brasileira para a Exposição Universal
de Chicago, suscitando elogios,[18] e fez um giro pelo interior do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina, documentando a Revolução Federalista e fazendo apontamentos para uma série de obras
dedicadas a temas gauchescos, que assumiriam um lugar de relevo em sua produção
posterior.[2][8]
Em 1896 estava novamente na Itália, mudando seu
atelier para a Associazione Artistica Internazionale,
na Via Margutta, uma academia que concentrou os
brasileiros que estudavam na cidade e que atraiu
muitos estrangeiros notáveis como Fortuny, Böcklin
e Lenbach, e era também uma espécie de clube
social onde se organizavam saraus e festas. O
dinâmico grupo que a frequentava possivelmente
foi uma influência sobre o brasileiro.[19] Lá recebeu
um honroso e especial convite para expor no salão
da Escola Nacional, feito pelo Conselho Superior de
Belas Artes da República do Brasil. Somente outros
três artistas receberam distinção semelhante: o
brasileiro Zeferino da Costa e os franceses Puvis de
Chavannes e Auguste Rodin, o que indica o
prestígio que desfrutava. O mesmo, ao que se sabe,
ocorria na Itália, tendo granjeado a estima da
aristocracia romana e do próprio papa Leão XIII, e
seu atelier se transformara em ponto de encontro de
personalidades. O presidente brasileiro Campos
Sales, quando esteve em visita à capital italiana, foi
uma delas.[20]
O ano de 1897 foi marcado pela notícia da morte de
sua mãe.[8] Entre esta data e 1898 realizou duas de
suas mais aplaudidas exposições em Porto Alegre,
numa delas vendendo o Tempora mutantur para o
governo estadual, que o instalou no salão nobre do
Palácio Piratini, mas aparentemente não estava no
país, enviando as obras de Roma.[2] Participou da
Exposição Universal de Paris em 1900, e no mesmo
ano voltou para o Brasil, pintado retratos em Porto
Alegre e fazendo sua primeira exposição em São Paulo, com excelente receptividade, vendendo
tudo, com três telas adquiridas por Campos Sales para ofertá-las ao presidente argentino Julio
Roca, em visita oficial. O Correio Paulistano qualificou sua imaginação de "poderosa e brilhante",
entre outros elogios, mas também relatou que alguns modernistas já começavam a criticá-lo como
um "convencionalista nebuloso". Em março de 1902 partiu para Roma para mais um período de
trabalho, mas continuou a enviar regularmente telas para o Brasil. Nesta época deve ter iniciado
sua série de gravuras em metal, sendo um dos primeiros brasileiros a se dedicarem a esta
técnica.[8]
Voltou a Porto Alegre em 1905, a fim de recuperar-se de um esgotamento por excesso de
atividades, e retornou à Itália em 1906.[2] Em 1909 enfrentou uma inesperada onda de fortes
críticas ao apresentar sua tela Rodeio, que foi vista pelo público portoalegrense como uma
falsificação das verdadeiras características dos gaúchos, um caso isolado em sua carreira mas que o
deixou bastante abalado. Neste momento, a conselho de Joaquim Nabuco, de quem se tornara
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 6/31
A fazedora de anjos, 1908, Pinacoteca do Estado
de São Paulo
Pousada, 1914. Pinacoteca APLUB
amigo, viajou para Portugal, onde em meio a cenários e tipos pitorescos esperava esquecer o infeliz
incidente, ao que parece com bom resultado, pois suas obras portuguesas têm cores vibrantes e
uma atmosfera bucólica.[2][21]
Em 1910 já estava novamente a caminho do sul, mas de passagem por São Paulo realizou outra
exposição importante, com cerca de cinquenta telas, muitas com temas portugueses, recebidas
efusivamente pela crítica e pelos colecionadores, que compraram todas. Entre elas estava A
Fazedora de Anjos, que causou sensação e foi adquirida pela Pinacoteca do Estado de São Paulo,
tratando de um tema lúgubre e atípico em sua obra, o infanticídio.
[2][22] Chegou em Porto Alegre
no fim do ano e em 1911 casou-se com Elisabeth Schmitt, que conhecera em 1892. Disse o artista
que somente agora, estando em uma situação econômica estável e confortável, sentiu-se seguro
para assumir esta grande responsabilidade.[23] No ano seguinte voltou a São Paulo para expor 46
pinturas.[8] Em 1912 estava outra vez em seu ateliê em Roma, mas ali não se demorou. Disse
Angelo Guido que o pintor estava em crise:
"Chegara a um desses pontos críticos
na vida do artista, o qual, sendo de
plenitude, é ao mesmo tempo aquele
que pode representar a impossibilidade
de ir mais adiante ou de continuar a
ascensão. Efetivamente, ao voltar para
seu atelier em Roma, continua a
trabalhar assiduamente como antes,
mas parece não ter ânimo para
enfrentar algumas daquelas
composições de motivos clássicos ou
de vivo conteúdo humano que lhe
firmaram o renome de artista. Limita-se
a pintar pequenos quadros de gênero,
onde não o espírito criador está
presente, mas a habilidade técnica, que
a tinha aliás, altamente desenvolvida.
Sente que precisa de motivos novos, de
uma nova paisagem natural e humana
que o emocione, como o emocionaram
os assuntos clássicos e os aspectos de
Anticoli.... E seus pensamentos e
anseios de realização voltaram-se para o Rio Grande do Sul. Não que não o tivesse
pintado com suas paisagens e suas gentes, mas talvez se apercebesse que sua terra
tinha aspectos e motivos ainda não estudados com a paixão com que estudara
aqueles de Anticoli, que lhe inspiraram tão notáveis telas.... sentiu que em contato com
a nossa paisagem poderia realizar coisas novas, não pintadas ainda por ninguém,
como efetivamente depois as pintou, associando deste modo, mais vivamente, a sua
arte à terra em que nasceu".[24]
De fato, em 1913 voltou ao Brasil. Passando pelo Rio mostrou vários trabalhos, com excelente
repercussão,[8] e em Porto Alegre participou da fundação do Centro Artístico, uma associação que
objetivava desenvolver o gosto pelas artes no estado. Após seis meses de sua chegada apresentou,
numa exposição organizada pelo Centro, 33 novas pinturas que retratavam os hábitos e
personagens típicos do estado, mas já não tanto os imigrantes e os caixeiros-viajantes,
concentrando-se em vez nos gaudérios do pampa, um tema inédito na pintura brasileira, vendendo
quinze telas. Mesmo assim, não abandonaria outros temas que lhe foram caros anteriormente. Em
1920 deixou para sempre a Europa e se fixou definitivamente na capital gaúcha.[2][8][25]
Anos finais
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 7/31
Auto-retrato assinado, 1927
Instalou um atelier em sua casa e a despeito da idade avançar ainda sentia-se vigoroso,
continuando sua produção artística em ritmo intenso. Trabalhou em diversas temáticas, mas deu
especial atenção, nesta fase, às paisagens, retratando os cenários de diversas localidades do estado.
Continuava a expor com regularidade em Porto Alegre e no centro do país, e, como sempre, era
recebido favoravelmente e ainda vendia muito. Mas pouco a pouco o peso dos anos se fazia sentir.
Passou a experimentar algumas dificuldades motoras e a visão enfraquecia, já pouco viajava.[26]
Em 1925, sempre fiel à sua estética acadêmica, fez sua última exposição em Porto Alegre, que teve
fraca receptividade. Os tempos mudavam, fermentava um novo modelo de civilização e de cultura,
e seu estilo já soava como um anacronismo. Depois disso o mestre não foi mais visto em público.
Em 1927 sofreu um derrame que o deixou hemiplégico e prejudicou seriamente sua lucidez e sua
memória. Faleceu um dia após o Natal de 1929. Vários jornais noticiaram seu desaparecimento,
mas notava-se que não falavam dele com o entusiasmo de antes.[2][27]
Praticamente só contamos com os registros de Angelo Guido sobre sua
personalidade, mas deve-se notar que o biógrafo muitas vezes tende a
enaltecer seu sujeito. Embora não haja razões para desconfiar da
verdade do que disse, ao descrever suas muitas virtudes parece se
deixar levar pela poesia que nutre um admirador e pela amizade que
com ele entreteve. Um trecho serve como uma impressão sucinta de
sua pessoa e da apreciação que o autor lhe fez:
"Certos aspectos da pintura de Pedro Weingärtner só
poderão ser compreendidos em toda a sua significação se
tivermos em conta a própria índole do pintor, calma,
vivamente compreensiva e dotada da profunda
capacidade para se afeiçoar às criaturas, aos lugares e às
coisas. O traço fundamental do seu caráter era
incontestavelmente a bondade. E por ser bom era
igualmente compreensivo e simples, de uma simplicidade
tão natural, tão do seu feitio que chegava, por vezes, a
parecer infantil, na vida como na arte.
"Embora reservado e sonhador, ninguém era mais sem complicações do que ele, mais
acessível e suavemente comunicativo e delicado no trato com as pessoas que sabiam
chegar até sua alma; alma que não se abria facilmente e nunca se manifestava em
efusões estrepitosas. Mas que nem por isso deixava de estar sempre atenta para
receber e amar o que fosse belo e digno, puro e sincero. A impressão que Pedro
Weingärtner nos deixou quando pela primeira vez lhe falamos, numa exposição em
São Paulo, foi de que antes de tudo ele era uma alma. E quando, mais tarde, em Porto
Alegre, também numa exposição, de novo o encontramos e pudemos ter a satisfação
de o conhecer melhor, pareceu-nos que aquela alma devia andar sempre cheia de sol
e que mesmo em momentos de preocupações e tristezas, que não podiam faltar a
quem como ele era tão bom e tão sensível, sempre havia sol a coar entre as sombras,
como através daquelas pérgolas acolhedoras que frequentemente vemos em seus
quadros, onde à vida das criaturas quis associar a beleza da luz e os encantos da
natureza".[28]
O homem
Seu contexto
O academismo europeu e sua influência no Brasil
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 8/31
Estudo de crânio, sem data.
Pinacoteca Barão de Santo
Ângelo
A obra de Pedro Weingärnter se insere perfeitamente no panorama da
pintura brasileira na passagem do século XIX para o século XX. Este
panorama era determinado pelas convenções do academismo, que
neste período se constituía em uma mistura eclética de tendências
neoclássicas, românticas, naturalistas e realistas. O centro dinâmico
da pintura nacional era a Academia Imperial de Belas Artes,
patrocinada pelo próprio imperador como agente importante em seu
programa nacionalista de modernização e unificação do Brasil para
sua inserção digna em uma nova ordem capitalista internacional, e
que na república foi reestruturada, sem mudanças essenciais, como
Escola Nacional de Belas Artes. Ali deram aulas muitos dos pintores
mais notáveis em atividade, irradiando um modelo estético e
pedagógico que influiu em todo o país e inspirou a criação de várias
academias regionais, como o Instituto Livre de Belas Artes de Porto
Alegre. A Academia Imperial, mesmo sempre atravessando crises por
falta de condições para um funcionamento pleno e por muitas
discórdias internas, ditou o padrão de toda a melhor arte produzida no
Brasil até fins do século XIX, privilegiou particularmente a pintura em detrimento das outras artes,
formou uma coleção que hoje ornamenta o Museu Nacional de Belas Artes e outras instituições,
lançou um fundamento teórico sólido e um método pedagógico adequado aos novos tempos e
ajudou a formar um mercado, e sua sucessora, a Escola Nacional, pôde absorver lições do próprio
modernismo para continuar a ter grande influência até os anos 1930 pelo menos. Seu círculo
expandido incluía inúmeros outros artistas nacionais e estrangeiros, colecionadores e interessados
em arte. A Academia Imperial também foi o principal alvo das críticas ao antigo sistema quando o
modernismo passou a prevalecer.[29][30][31]
O fato de Weingärtner não ter sido aluno da Academia Imperial é irrelevante para o entendimento
de sua produção e de sua inserção na vida artística brasileira, pois as academias que frequentou na
Europa funcionavam sobre as mesmas linhas e, na verdade, a instituição brasileira nasceu
exatamente à imitação do modelo importado. Weingärtner participou de inúmeros salões gerais
das duas academias e chegou a ministrar aulas de desenho na segunda, o que só confirma sua
perfeita adaptação ao sistema nacional e a identidade ideológica entre as escolas do Brasil e as
estrangeiras.[19][29][31]
As academias ministravam um ensino graduado, sistemático e profissionalizante, com forte ênfase
na perfeição técnica e na correta descrição da natureza e da figura humana, sendo necessários
vários anos de estudos preparatórios até a qualificação. Na disciplina acadêmica a proficiência no
desenho era fundamental, sendo o ponto de partida para a realização de toda obra, em qualquer
das várias técnicas das artes visuais.
[30][32][33] Embora não se conheçam detalhes sobre como se
deu o seu preparo nem de sua atuação como professor de desenho na Escola Nacional (Angelo
Guido mal toca no assunto, dizendo apenas que cumpria seus deveres e não gostava da função, e
Athos Damasceno só refere que era "competente e sensível"[2][34]), sobrevive o programa do curso
que ministrou, e que permite compreender a sistemática acadêmica da qual ele mesmo havia
recebido sua formação. Mantém-se a grafia da época:[35]
"Todo discípulo que entrar para a aula de dezenho é obrigado á fazer um trabalho de
prova, e conforme o trabalho que apresentar, entrará nas seguintes classes:
1o anno
1. desenho linear e figuras geometricas
2. desenho de folhas e ornamentos, copias de phototypias
3. as mesmas folhas e ornamentos formadas do natural e reproduzidas em gesso
4. modellos em gesso apresentando bocca, nariz, olhos, orelhas, etc.
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 9/31
Cópia de estátua clássica,
Pinacoteca Barão de Santo
Ângelo
Estudo de modelo vivo,
1878. Pinacoteca Barão de
Santo Ângelo
2o anno
5. partes de extremidades mãos, pés, etc., formados em
gesso do natural
6. mascaras troncos, braços, pernas, formados do natural
7. bustos, cabeças, troncos de originaes antigos
3 anno
8. figuras antigas em tamanho natural (conforme o espaço
que houver na sala de dezenho)
9. retratos em tamanho natural, modello vivo"
Para a pintura também era essencial o perfeito domínio das técnicas
de perspectiva, da teoria das cores, das características dos pigmentos e
seu comportamento em combinação, das regras de composição, bem
como um conhecimento aprofundado de anatomia humana e animal,
além de ser importante o artista possuir uma sólida base em religião,
história - em especial da Antiguidade e seus mitos - e em história da
arte, conhecimentos que seriam de grande utilidade para uma
representação coerente e convincente dos temas respectivos, além de
demonstrar sua erudição. Todos esses tópicos eram estudados em
teoria e na prática.[32] Além disso, era parte inseparável dos cursos em
suas etapas avançadas a cópia de obras de mestres consagrados para
adquirir um bom senso de estilo e demonstrar competência
técnica.[30]
A necessidade de uma representação naturalista, porém, estava
vinculada a convenções idealistas inspiradas nos mestres consagrados
da tradição clássica, como maneira de assegurar a continuidade de
uma venerada linhagem cultural que havia se formalizado durante o
Renascimento mas que de fato remontava em última análise ao
sistema educativo da Grécia Antiga conhecido como paideia. Centrais
para o academismo eram as crenças que a arte pode ser transmitida
pelo ensino - daí o apreço pela tradição - e que o talento apenas não
conduz a lugar nenhum sem um treinamento disciplinado, racional e
metódico. Neste corpo de valores a liberdade criativa individual não
tinha um peso tão preponderante como veio assumir com o
modernismo. Valorizava-se acima de tudo a autoridade dos mestres e
buscava-se a produção de uma arte impessoal e funcional, que
expressasse valores de interesse coletivo e que tinha, entre outros, o
objetivo de educar o público e assim transformar a sociedade para
melhor, adotando princípios que possuíam, além de um caráter
estético, também um fundo ético e um propósito pedagógico. Mesmo
que tenham recebido inumeráveis críticas ao longo de sua história, as
academias foram inegavelmente o mais importante fator de estruturação de todo o sistema
artístico do ocidente moderno, recebiam o patrocínio dos Estados e serviam como instâncias
consagradoras e preservadoras de ideais não apenas artísticos, mas também políticos, culturais e
sociais alimentados pelas classes dominantes. Não admira que os acadêmicos fossem
repetidamente considerados conservadores e convencionalistas, quando não déspotas elitistas e
retrógrados, pelas sucessivas vanguardas que floresceram muitas vezes à margem das instituições
oficiais.[30][33][36][37][38][39][40]
Quando Weingärtner foi estudar na Europa este modelo formalista e idealista estava entrando em
crise, mesmo que nesta época ele estivesse alcançando o auge de sua abrangência, tendo se
disseminado por toda a Europa e Américas e passado a influenciar até mesmo culturas não-
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 10/31
Oferenda ao Deus Pã, 1894. Coleção particular
Procissão interrompida, 1898
ocidentais. A esta altura, com a rápida ascensão da classe média como mercado consumidor de
arte, se tornaram cada vez mais frequentes liberdades em relação à rígida ortodoxia, tanto em
termos de tema como de forma e técnica, a fim de atender aos gostos ecléticos e pouco eruditos de
um público novo que já não via muito sentido nas solenes alegorias classicistas e nas obras
históricas e religiosas tão prestigiadas nos períodos anteriores, proliferando as cenas de costumes,
cenas domésticas, obras folclóricas, paisagens pitorescas ou exóticas, retratos, naturezas-mortas e
todos os outros gêneros antes considerados menores. Ao mesmo tempo, a liberdade criativa
individual se tornara uma bandeira inegociável para as novas gerações de artistas. Desta maneira,
começava a tomar forma o que mais tarde foi conhecido como modernismo.
[40][41][42][43] Embora
no Brasil a classe média demorasse muito mais para se tornar um mercado consistente, a
tendência era na mesma direção, como provam as críticas de Gonzaga Duque, Angelo Agostini e
outros intelectuais brasileiros, ligados ao modernismo emergente, a um sistema que já
consideravam obsoleto e em vias de extinção.[40][44][45]
Foi neste contexto renovado, multiforme e dinâmico que a heterogênea obra acadêmica de
Weingärtner se construiu e se destacou no cenário brasileiro, preservando muitos aspectos do
academismo tradicional, principalmente em termos técnicos e estilísticos, mas sensibilizando-se
temática e poeticamente com a nova ordem de valores.[46][47] O fato de ele ter sido pensionista do
governo durante o império e amigo pessoal de Dom Pedro II, abriu-lhe as portas do mercado do
Rio, a capital nacional, e tendo estabelecido laços de amizade com figuras eminentes da nova
república, como Joaquim Nabuco e o presidente Campos Sales, o apoio que recebeu contribuiu
significativamente para a consolidação do seu prestígio. Esta situação só viria a mudar no fim de
sua vida, quando o modernismo começou a ganhar amplo espaço.[8]
Sabe-se que Weingärtner prezava as tradições e era
por temperamento indiferente ao
experimentalismo, e a escolha de Roma como seu
centro de atividade europeia se explica pelo fato de
que a Itália em grande medida se tornara
artisticamente conservadora, perdendo sua
liderança para a França, que agora conduzia os
avanços na arte internacional.[2][8] Em meados do
século XIX os italianos enfrentavam uma séria crise
política, econômica e social, a população
empobrecia, o desemprego aumentava, a produção
agrícola estava desestruturada e em algumas
regiões a fome afligia as classes baixas,
desencadeando um grande êxodo populacional, e
além disso se desenvolvia, em meio a sucessivas
guerras, um árduo processo de unificação, quando
até então a península era um mosaico de reinos
independentes.[48][49] Diante deste quadro difícil,
para muitos artistas um retorno às glórias do
passado clássico em busca de soluções para o
dramas do presente se tornou o único caminho possível. Esse grupo atendia primariamente às
expectativas de uma elite alheia aos conflitos, que privilegiava obras idealistas e bucólicas que não
suscitassem maiores questionamentos. Weingärtner, aderindo voluntariamente ao programa
acadêmico tradicional, onde a herança da Antiguidade tinha um peso considerável, encontrou
nesses temas um ambiente propício para a expressão de algumas de suas próprias
aspirações.[8][13][50] Como analisou poeticamente Angelo Guido, essas pinturas satisfaziam seu
amor a uma beleza calma, amável, ordenada e à sua visão risonha da vida:
O cenário italiano
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 11/31
Pompeianas no frigidário, 1897. Pinacoteca
APLUB
"E que mais sugestivo ambiente que o
de Roma, com suas ruínas veneráveis
evocadoras de séculos de arte, seus
palácios e jardins antigos, como os do
Pincio e da Villa Borghese, as fontes
habitadas por ninfas e nereidas, as
históricas colinas, os pinheirais
românticos e famosos, os arredores
extra-muros que lhe falavam de
rebanhos e pastores dos versos de
Virgílio, onde cada passo 'vigilantes e
meditativas almas de pedra' parecem
nos querer comunicar o segredo de uma beleza que se extinguiu, de histórias perdidas
no tempo e de vidas inúmeras que silenciaram..." [50]
É de assinalar também sua associação com o grupo de artistas In Arte Libertas, que além de se
dedicar a temas clássicos, se interessava pela paisagem italiana e seus aspectos folclóricos. Obras
como Ceifa em Anticoli, Procissão interrompida, O retrato da noiva e muitas mais são
representativas de sua atenção para com a vida da população rural e seus cenários
pitorescos.[8][13][50] Guido considera que esta mesma adesão ao classicismo iniciada em Paris deve
ter sido um dos motivos que o levou a se transferir da França para a Itália, cuja herança do antigo
Império Romano era em toda parte visível. Os próprios franceses ainda viam a Itália como uma
perene fonte de inspiração, tanto que o maior prêmio da academia parisiense era uma bolsa de
estudos para aperfeiçoamento em Roma.[51]
No Brasil o tema da Antiguidade também ganhava simpatizantes, pois as escavações e descobertas
arqueológicas que naquela época estavam sendo feitas em Pompeia e Herculano atiçavam a
curiosidade de muitos. Vários artistas brasileiros abordaram o tema, destacando-se Rodolfo
Bernardelli, Henrique Bernardelli e Zeferino da Costa. Outro que se dedicou a isso foi o celebrado
Lawrence Alma-Tadema, que Weingärtner possivelmente conheceu na Itália, pois algumas de suas
obras têm grande afinidade. Além disso, a preservação dessas cidades com suas habitações,
mercados e oficinas, permitiu ao público penetrar mais no cotidiano do romano comum, enquanto
que o que mais se conhecia até então eram os grandes monumentos públicos que falavam mais
sobre a vida política, religiosa e artística do império. O próprio Weingärtner visitou as cidades e
pintou várias telas diretamente inspiradas no cenário local.[13]
Nas palavras de Camila Dazzi:
"Weingärtner, portanto, está imerso em uma tendência igualmente nacional: a paixão
por Pompeia, a possibilidade de repovoar através da arte as suas ruas de vida,
encontrava, também no Brasil, os seus adeptos. E não nos referimos somente aos
artistas, pois se as obras eram realizadas em grande parte na Itália, era o público
brasileiro que elas visavam, sendo enviadas para figurarem em exposições públicas
onde podiam ser admiradas e adquiridas por particulares".[13]
Weingärtner floresceu em um período de importantes mudanças no Rio Grande do Sul. Iniciava-se
um processo de modernização na sociedade e na economia, e surgia uma classe burguesa abastada
que passava a cultivar as artes com um interesse crescente.[52] Tendo passado por asperezas e
limitações durante a Revolução Farroupilha (1835-1845), Porto Alegre, a capital, experimentava
rápida recuperação. Em 1858 foi inaugurada uma luxuosa casa de ópera, o Theatro São Pedro, os
saraus literários viravam moda, em 1868 foi fundada a Sociedade Parthenon Litterario, reunindo
os primeiros intelectuais e educadores de real mérito do estado, como Luciana de Abreu, Caldre e
Fião, Múcio Teixeira, Apolinário Porto Alegre e Carlos von Koseritz, e em 1875 foi aberto o
primeiro salão de artes.[2][53][54]
O contexto riograndense
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 12/31
Fundo de quintal em Bento Gonçalves, na região
de colonização italiana, 1913. Coleção particular
Peões laçando gado, temática gauchesca, 1908.
Coleção particular
Remorsos, 1917, gravura em metal, reprodução
de pintura de 1893 sobre a Revolução
Federalista. Coleção particular
Acompanhando a tendência da segunda metade do
século XIX, em que o academismo brasileiro
entrava em sua fase de apogeu, a burguesia local
encontrava nesta escola seu ideal artístico, mas na
década de 1870, quando Weingärtner foi estudar na
Europa, Porto Alegre possuía apenas cerca de
quarenta mil habitantes, em muitos aspectos ainda
era uma cidade provinciana, e o mercado de arte
recém começava a se formar. Na pintura, salvo a
atuação pioneira do gaúcho Antônio Cândido de
Menezes, que recebeu formação na Academia
Imperial de Belas Artes, e uns poucos artistas
visitantes com bom preparo, como o já citado
Delfim da Câmara, Bernardo Grasseli e Francisco
Viriato de Freitas, que também deram aulas, o
cenário na pintura era caracterizado pelo
diletantismo.[52][55][56]
O impulso de progresso se acelerou na virada para o
século XX com um grande programa de obras
públicas e reurbanização da capital, estimulado pela
difusão da filosofia positivista, adotada pelo
governo, tanto que em 1908, com o apoio oficial,
pôde enfim ser fundada a primeira academia, o
Instituto Livre de Belas Artes, embora seus inícios
tenham sido muito modestos, oferecendo apenas
cursos de música e desenho, e o curso de pintura só
viesse a ser ministrado em bases regulares a partir
de 1936.[57]
Mas a elite consumidora de arte, e muito mais o
público em geral, em termos artísticos
permaneciam bastante conservadores, ignorando as
novidades que apareciam no centro do país e
continuando a preferir as obras acadêmicas, e por
isso durante a maior parte de sua carreira o pintor
encontrou resposta tão favorável junto aos seus
conterrâneos. Por outro lado, o mercado de arte da
cidade no início do século XX ainda era
pequeníssimo (vide nota:[58]) e não podia absorver
a sua grande produção, como lamentou Olinto de
Oliveira, um de seus maiores defensores, acusando a população, também, de ter uma mentalidade
excessivamente provinciana para reconhecer a sua verdadeira grandeza. A despeito da crítica,
Weingärtner se encontrava em uma posição bastante privilegiada na atenção dos portoalegrenses,
e mesmo que não vendesse muito ali a não ser retratos e estivesse ausente por longos períodos,
marcava presença enviando obras diversificadas com regularidade para exposição. A própria
abordagem que fez dos temas regionalistas se inseriu com perfeição em um programa ideológico
do governo que buscava consolidar a figura do gaúcho e do imigrante como símbolos identitários
do estado, sendo o primeiro a trabalhar com tais temas.[8][32][59][60]
No entanto, segundo Círio Simon, na república sua antiga ligação com o regime imperial às vezes
lhe trouxe problemas, e é significativo que não fosse chamado a integrar o quadro docente do
Instituto Livre depois que se fixou em definitivo em Porto Alegre. O pintor, porém, não se filiava a
ideologias políticas, tanto que não se esquivou de retratar o carismático presidente positivista do
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 13/31
Tecelãs, 1909. Coleção particular
Garças, 1913. Pinacoteca Barão de Santo Ângelo
estado, Júlio de Castilhos, e pintar cenas da Revolução Federalista. É também ilustrativo das
contradições do seu contexto que o mesmo Instituto adquiriu uma obra sua para a Pinacoteca que
iniciava a se formar ao elevado custo de dois contos de réis, pagos pelo governo, e que o diretor da
Escola de Artes do Instituto, Libindo Ferrás, o tenha convidado para participar das bancas finais
de avaliação de alunos.[25]
Trabalhador incansável e perfeitamente
disciplinado, Pedro Weingärtner deixou uma obra
pictórica vasta, cosmopolita e eclética, em que
abordou temas mitológicos e classicistas,
folclóricos, retratos, paisagens, paisagens urbanas,
cenas de gênero, fantasias românticas e exóticas,
mas são mais importantes, como foi reconhecido
ainda em sua vida, as cenas de gênero e as obras
regionalistas sobre o sul do Brasil, onde deixou um
notável documento humano e social de seu
tempo.[2][15][61] Permaneceu fiel às suas origens
mas foi adaptável o bastante para sintonizar com o
espírito do seu tempo e dos lugares por onde
passou. Apesar de pintar principalmente para as
elites que dispunham de recursos para comprar
arte, sua obra não é limitada pelos ideais desta
classe, pois inúmeras vezes retratou o povo de
maneira sensível, simpática e honesta, sendo
significativo que desse a esses sujeitos mais
humildes um tratamento dignificante. A acusação
que os modernistas lhe fizeram, às vezes repetida
em tempos recentes, de ser um acadêmico
conservador e convencional, é uma visão
tendenciosa e datada da história, elaborada por
aqueles que triunfaram na disputa pelo mercado e
pelo controle da crítica. Agora, transcendendo as controvérsias internas do mundo da arte, se volta
a reconhecer sua posição eminente num contexto histórico e social mais amplo. Weingärtner
respondeu às demandas de um público expressivo em termos de número e em termos de poder
econômico e político, tornando-se um dos seus favoritos ao longo de quase toda a sua carreira.
Raríssimos eram os artistas que como ele vendiam todas as obras de suas exposições e receberam
tantas críticas positivas sem despertar controvérsia importante. Seu desbravamento da temática do
gaúcho também fala de um espírito que, se bem que satisfeito com o estilo que escolhera e avesso a
experimentalismos formais, pôde se abrir para novos horizontes, deixando na temática do
regionalismo uma contribuição qualificada e inovadora para a pintura
brasileira.[2][8][13][60][62][63][64] Um tanto surpreendentemente, considerando a popularidade que
os gêneros da pintura religiosa, das cenas orientalizantes e as naturezas-mortas desfrutavam em
sua época, não deixou nada nestes campos.[65]
Obra
Pintura
Aspectos gerais
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 14/31
Tempora mutantur, 1889. Museu de Arte do Rio
Grande do Sul
Carreteiros gaúchos chimarreando, 1911.
Pinacoteca Aldo Locatelli
Possuía uma técnica refinada, com um desenho seguro, uma paleta rica mas contida e
harmonizada, um equilibrado senso de composição, um sensível manejo da luz e uma notável
capacidade de observação e descrição da natureza, sempre dando meticulosa atenção ao detalhe,
chegando a se aproximar dos efeitos da fotografia,[32][66][67][68] o que tornava seu estilo
inconfundível para seus contemporâneos.[69] Efetivamente ele usou fotos para criar muitas das
suas composições e detalhar os diversos objetos que pintou, uma prática que se tornava cada vez
mais comum. Sua associação com a técnica vinha desde quando ainda era um estudante, e quando
passou por tempos de pobreza pensou em dedicar-se profissionalmente à fotografia. Era também
amigo íntimo de fotógrafos, como o Lunara, com quem saía frequentemente em
passeios.[32][66][70][71]
Sempre demonstrou uma preferência pelas obras de pequenas dimensões, e mesmo nas grandes
seu amor ao detalhe parece revelar uma vocação de miniaturista.[2][15][68][72][73] Mas além de uma
inclinação natural, circunstâncias de mercado influíram em suas escolhas, pois obras grandes eram
vendidas com muito maior dificuldade.[22] Outro aspecto interessante em seu método é a
reutilização dos mesmos elementos em várias obras diferentes. Isso se torna flagrante na paisagem
que aparece em Tempora mutantur. A mesma paisagem já foi identificada em seis outras obras,
cinco pinturas - Cena de guerra (1894), A derrubada (1894), Paisagem derrubada (1898),
Carreteiros gaúchos chimarreando (1911), A morte do lenhador (1924) - e na gravura Paisagem
de Tempora mutantur, sem data. Tempora e Gaúchos chimarreando estão ilustradas abaixo para
evidenciar a semelhança.[74]
Suas opiniões sobre arte permanecem em grande
parte um mistério e quase só podem ser intuídas a
partir de seus trabalhos, pois perdeu-se praticamente
toda a sua correspondência, que possivelmente
constituía um rico repositório de informações,
queimada pela viúva para evitar a devassa de sua
privacidade.[2][75] Entretanto, sobreviveram alguns
outros documentos esparsos e várias cartas e cartões-
postais que permaneceram com amigos,[2] onde se
encontra um interessante relato sobre a obra
Tempora mutantur, que retrata um casal de
imigrantes repousando após um dia de trabalho duro
no campo:
"Este quadro fiz expressamente para nós, porque
aqui na Europa não se compreende facilmente o
assunto; inspirei-me, para fazê-lo, em certo tipo que
encontrei em nosso caro Brasil, homens que aqui na
Europa faziam figura, de famílias nobres, que por
qualquer motivo abandonaram a pátria atrás da
fortuna na América e caíram no caminho e lá se
foram água abaixo e ficaram reduzidos ao que vi....
Eu quis fazer um tipo.... que, não encontrando
ocupação, foi obrigado a retirar-se para uma colônia,
e esta é a cena que reproduzi no quadro, o primeiro
dia de trabalho, a pobre mulher vendo as mãos que
foram belas e alvas, hoje queimadas pelo sol e
calejadas pelo primeiro labor".[8]
Cenas regionalistas
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 15/31
Nova Veneza, na região de colonização italiana,
1893. Coleção particular
Kerb, 1892. Coleção particular
Como já se aludiu, com as obras regionalistas sobre
os gaúchos e imigrantes foi um pioneiro, a bem dizer
abrindo toda uma nova seara para a pintura
brasileira, e possivelmente esta seja sua contribuição
mais meritória, podendo ser comparada à do muito
mais célebre Almeida Júnior com seus caboclos e
caipiras paulistas.[2][59][64][76] Essas cenas que
mostram o povo sulino, que iniciou a criar ainda na
década de 1890, se tornam importantes também
como um testemunho de uma modernidade avant la
lettre, prefigurando o chamado que Mário de
Andrade, um dos principais agentes do modernismo
brasileiro, faria nas décadas de 1920-1930, para que
os artistas retratassem a rica diversidade social e
cultural do país e abandonassem de vez o discurso
visual homogeneizador, centralizador e europeizante,
que vigorava desde meados do século XIX.[77]
Quando abordou a vida dos colonos italianos e
alemães não hesitou em explicitar as dificuldades por
que passava essa população, que lutava para
estabelecer uma vida digna depois de muitas
privações em seus países de origem e que chegara ao
Brasil só para encontrar privações semelhantes numa
terra ainda selvagem, e que no caso dos italianos foi em grande parte abandonada pelo governo,
que os aliciara com promessas enganosas sobre uma terra da cocanha que só existia na
propaganda oficial.[78][79] Mas também parece ter em certo sentido se afinado a esse discurso,
encarando a colonização como um projeto heroico e civilizador e trazendo em seus quadros
exemplos de colonos que haviam conseguido conquistar um bom padrão de vida. Em muitas telas
mostrou ainda momentos alegres, de confraternização coletiva, como em Kerb, uma festa típica
dos alemães, ou cenas singelas em que a dureza da vida parece harmonizada no contato com a
natureza ou na vivência das coisas simples do cotidiano, como exemplifica Fundo de quintal em
Bento Gonçalves, com uma menina a dar de comer a perus e patos, ou Fios emaranhados,
retratando o interior de um empório em que uma senhora se ocupa com bordados enquanto uma
criança deitada no chão se diverte com os objetos de um caixeiro-viajante que ela espalhou pelo
chão.[80]
Mas mesmo quando seu trabalho se dirige claramente para o realismo, ao contrário dos pintores
da vanguarda francesa, que mostravam com crueza as duras condições de vida de uma população
sofrida e embrutecida, Weingärtner frequentemente tingiu a descrição da realidade com tons
poéticos e idílicos e uma grande dose de compaixão, como atesta sua própria declaração sobre o
Tempora mutantur, recém citada.[8][13] Isso não impediu que em alguns momentos a crônica da
vida popular assumisse um tom humorístico, como se percebe em Chegou tarde!, onde um
caixeiro-viajante entra em um empório no interior carregando sua mala de artigos só para
encontrar um concorrente já entretido em negociações com sua cliente.[8]
Suas cenas gauchescas mostrando as lides do campo, com seus peões e tropeiros em seus cavalos
conduzindo as boiadas, seus churrascos, as charqueadas, pousadas e pastagens, são especialmente
importantes porque se encaixaram num projeto político do governo do seu estado, uma vez que os
positivistas governantes, junto com um influente grupo de descendentes de alemães que havia
conquistado proeminência econômica e se havia integrado perfeitamente à realidade riograndense,
fomentaram o cultivo da temática do gaúcho, bem como em menor grau do imigrante, como
símbolos de valor e identidade regional, onde as obras do pintor nestes gêneros encontraram
naturalmente um lugar destacado.[8][32][80] Mas é de assinalar que tais cenas vendiam mais no
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 16/31
A derrubada, 1913. Museu Nacional de Belas
Artes
centro do país do que em seu próprio estado, pois lá eram vistas como atraentes exotismos.[81]
Esta
iconografia consagrada por Weingärtner se cristalizou no imaginário popular e entre as
instituições que integram o chamado Movimento Tradicionalista Gaúcho, que promovem o cultivo
de um universo gauchesco estereotipado e hoje são uma força poderosa na cultura estadual.[82][83]
Foi também um grande paisagista, variando sua
abordagem entre uma descrição estritamente
realista, com "um agudo senso de exatidão", como
referiu José Augusto Avancini, e um tratamento
relativamente livre, construindo o cenário em suas
linhas mais essenciais em gestos largos e manchas
difusas, mas mesmo nestes casos a descrição da
geografia permanece reconhecível o bastante para
permitir sem dificuldade a identificação do local
exato que originou as obras. Muitas vezes se
preocupou em captar o pitoresco do cenário,
incluindo na imagem alguma edificação
característica, alguns personagens à distância com
trajes típicos da região.[84][85] Em alguns casos
documentou as agressões que o meio ambiente
brasileiro vinha sofrendo, como o desmatamento, as
queimadas e a erosão do solo.[77] Porém, no conjunto da sua produção a paisagem em geral é um
pano de fundo subordinado a cenas que representou em primeiro plano, fundindo as categorias de
paisagem e cena de gênero.[32][80]
Segundo Ana Albani de Carvalho,
"Encontramos em Weingärtner uma atenção especial e, nestes termos, um
protagonismo, na representação da paisagem como 'materialização de um instante da
sociedade' (SANTOS, 1997:72), onde o gaúcho, o imigrante, o trabalhador rural
aparecem como sujeitos de diferentes relações sociais.... O mundo do trabalho rural
também é foco de atenção em obras realizadas a partir do cenário europeu, como em
Ceifa, situada em Anticoli, Itália.... A possibilidade de representar a paisagem, a
arquitetura e os tipos regionais é percebida por Weingärtner não apenas como uma
renovação em sua obra, mas como uma efetiva contribuição ao campo da arte, já que
tal temática não era usual, nem divulgada em outros centros, mesmo nacionais".[32]
Suas cenas de gênero são a parte mais complexa de sua produção, tanto por sua diversidade
temática como por seu tratamento variado, e em inúmeros casos a categoria se confunde com
outras e perde seus limites nítidos.[60] As que representam a elite urbana em seu próprio "habitat",
refletem tipicamente o espírito da belle époque, quando a sociedade brasileira passava, entre
grandes crises e contradições, de um modelo monárquico, senhorial, rural e escravagista para
outro republicano, burguês, urbano e capitalista. Se no Rio Grande do Sul esta elite ainda estava
em formação e tinha menos luzes, no centro do país, de longe o seu maior mercado no Brasil, ela já
estava mais consolidada e era mais poderosa economicamente, mas para ambas a aquisição de
obras de arte se tornava cada vez mais um sinal de educação e status, contrastando fortemente com
o período imperial, em que a elite quase não investia em arte. Damas e cavalheiros da melhor
sociedade desfilam em seus quadros com todos os emblemas de sua classe: suas roupas finas e
jóias, vivendo em residências suntuosas e levando uma existência despreocupada, até entediada,
em uma opulência e abundância decorativa que beiram o kitsch, em que se criava uma nova
sensibilidade e palpitavam novos anseios.[8][40][59][86][87][88]
Paisagens
Cenas de gênero
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 17/31
O importuno, 1919. Coleção particular
O notário, 1892. Coleção particular
Feira de cerâmica em Anticoli, 1908. Coleção
particular
Ruth Tarasantchi notou que essas obras muitas
vezes são ambíguas, a exemplo de O importuno, em
que uma fina jovem, sozinha em uma sala
ricamente ornamentada, dá a impressão de
aborrecer-se com a chegada de um cavalheiro, mas
"o leque que segura nas mãos enluvadas, que lhe
encobre o rosto e esconde seu olhar matreiro, talvez
implique, ao contrário, tratar-se de um encontro
nada fortuito, mas que assim quer parecer". Em
outros momentos, porém, ele estabelece uma visão
claramente crítica e revela as sombras e desenganos
de uma classe que se esforça por manter as
aparências brilhantes, como em Casamento de
conveniência, em que a esposa, ainda jovem,
vestida de gala e pronta para sair para o baile, onde
esperava divertir-se, olha com enfado para seu
marido, um velho, já adormecido numa poltrona,
tendo seu desejo frustrado. Em No penhor uma
dama visivelmente acabrunhada vende suas jóias
numa casa de penhores que não passa de uma
espelunca, uma imagem de decadência de grande
força expressiva.[89]
Mas também a classe média passava a se dar certos
luxos e desejar obras de arte em que pudesse
reconhecer a si mesma e mesmo imaginar-se mais
"chique", já que tais obras em geral tinham
pequenas dimensões e se tornavam
acessíveis.[40][87] É um bom exemplo O notário, um
pequeno-burguês que aparece em seu escritório
compenetrado em seu trabalho mas vestido com
apuro e rodeado de objetos sugestivamente
culturais: uma estatueta de bronze e um bandolim.
Mas nem sempre essas imagens serviam a
pretensões de prestígio, e a temática centrada neste
grupo social é variadíssima: interiores, cenas de
trabalho e lazer, pessoas de todas as idades,
encontros românticos, cenas irônicas ou
humorísticas, e muitas mais, numa vasta crônica do
universo das pessoas comuns e anônimas.[90]
Finalmente, entram nesta categoria as cenas da vida
camponesa europeia, em que deixou grande
quantidade de obras que começou a trabalhar na
Itália, principalmente na região de Anticoli
Corrado, mas que também observou depois em
Portugal. Da mesma forma, são muito variadas em
tema e tratamento, passando de imagens
fortemente realistas a representações de grande
poesia, e desde cenas do trabalho no campo a
retratos da vida nas pequenas vilas com seus costumes ancestrais e seu folclore, suas feiras, festas e
ofícios urbanos. Fazem em geral um apelo ao pitoresco e ao singelo do mundo real, mas às vezes
são em certo sentido idealizantes e nostálgicas, se aproximando do imaginário historicista e
classicista.[60]
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 18/31
Cena de guerra, 1893.
Coleção particular
A grande aceitação que a pintura de gênero conheceu no Brasil desde o fim do século XIX também
se deve a outros fatores, entre eles a popularização da fotografia e a concomitante ascensão da
estética realista na pintura, havendo uma correspondência entre ambas por responderem à
demanda por uma representação verossímil da realidade. Ao mesmo tempo, formavam-se novos
conceitos de intimidade, de desfrute do lar, de relações sociais e familiares, onde se tornava
importante a decoração esmerada dos interiores a fim de tornar a residência um local aprazível
para estar e para a socialização da família e com os amigos. Neste sentido, a pintura de cenas
domésticas, para quem as consumia, era um espelho de reconhecimento e afirmação desta
intimidade privilegiada e "moderna",[40][87]
como comentou Marize Malta:
"A existência de quadros na parede significava ter o que olhar, poder desfrutar do
prazer que a profusão de cores e detalhes proporcionava ao privilegiado observador:
um prazer pessoal. Ele via uma 'bela' representação da cena familiar imaginada,
idealizada, ilusória – um trompe l'oeil da imaginação. Devido à sua visibilidade, a tela,
compartilhada por outros olhos (estranhos ao domicílio), servia também para
demonstrar gosto, conhecimento, prestígio e confirmar a distinção daquele que
possuía tão destacado quadro.... Os quadros de gênero deram um lugar prestigioso
para a vida dos objetos decorativos aos olhos do fruidor. Mundo imaginado (o
pictórico) e mundo real (do objeto concreto) se interpenetravam. Essas pinturas não
eram meras descrições de interiores de uma história do presente, eram construções
visuais que estavam modelando maneiras de encarar modos de morar e de olhar para
a parede das casas.... Na tela ou na domesticidade, uma iconografia do decorativo se
estabelecia, fruto de novas visualidades que falavam de uma arte acessível, uma arte
com a minúsculo, uma arte ao alcance das mãos".[87]
Estas obras são, pois, também um importante documento de uma
época de grandes mudanças. Paralelamente, a ebulição cultural e
artística nos altos estratos refletia na população de forma positiva,
pois as exposições de arte de modo geral, mas principalmente as
grandes exposições gerais das academias carioca e paulistana, onde
as pinturas de gênero se tornavam cada vez mais comuns, atraíam
um público proporcionalmente maior do que conseguem hoje até
mesmo as megaexposições trazidas do estrangeiro e divulgadas com
todas as fanfarras da mídia contemporânea. Era um tempo em que a
arte mais sofisticada se tornara verdadeiramente popular.[8][59][86]
Weingärtner deixou pouquíssimas obras no gênero histórico, um
punhado de pinturas e menos gravuras sobre a Revolução
Federalista (1893-1895), e elas merecem uma nota especial tanto por
sua raridade como pelo dramatismo que em algumas imprimiu, e
pelas suas grandes qualidades estéticas. Seu envolvimento com a
Revolução foi casual: estava viajando pelo interior de Santa Catarina
para fazer apontamentos quando foi abordado por uma tropa de revolucionários e foi obrigado a
acompanhá-los por uma semana. Foi bem tratado mas testemunhou cenas sangrentas, e acabou
adoecendo. A tela mais impactante é Cena de guerra, em que um pai de família jaz morto ao chão
enquanto sua mulher, aos gritos, amarrada a uma estaca e semidespida, vê sua casa em chamas e a
desolação em seu redor. Uma criança se abraça às suas pernas, apavorada, e um velho com as
roupas esfarrapadas tenta se erguer do chão. Também muito dramática é A derrubada, uma
variação resumida da outra que talvez tenha sido um estudo preparatório, centrando-se na imagem
da mulher, que mostra o semblante transtornado contra uma paisagem sombria.[91]
Obras históricas
Classicismo
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 19/31
Idílio, 1908. Coleção particular
Retrato de Angélica
Weingärtner (mãe do pintor),
1894. Pinacoteca APLUB
Suas obras classicistas e mitológicas, por seu turno,
mesmo com a progressiva mudança nos gostos em
direção a temáticas contemporâneas, eram ainda
muito apreciadas. Não se conhece em detalhe sua
formação, mas já na Alemanha deve ter tido seu
primeiro encontro com os clássicos, tanto pelas
obras que deve ter visto em museus, como pelas
aulas acadêmicas, onde a cópia de obras clássicas
era parte da disciplina. Um segundo impacto o teve
certamente em Paris, onde temas clássicos tinham
grande espaço na pintura, e seu professor francês
Bouguereau era famoso por suas composições sobre
a Antiguidade e seus nus idealizados. Indo para a
Itália, mergulhou em um ambiente saturado de
Antiguidade. Naturalmente, deixou uma grande
quantidade de peças neste gênero, como Dáfnis e
Cloé (1891), Oferenda ao deus Pã (1894) e Idílio
(1908). Havia um ótimo mercado, uma parte da
burguesia gostava de encontrar nessas pinturas
espelhos onde pudesse reconhecer suas próprias
alegadas virtudes e ideais. Mas além de
alimentarem esse mercado, Weingärtner
verdadeiramente apreciou o tema, tratando-o com
poesia. Certas obras remetem à mítica Idade
Dourada, trazem atmosferas contemplativas e bucólicas, transpirando uma harmonia ideal entre
homem e natureza, e de certa forma representavam também uma espécie de fuga romântica dos
problemas modernos.[8][13][50] Como disse Angelo Guido, "para ele o motivo clássico era o
tranquilo abandonar-se à evocação serena de uma beleza desaparecida, beleza de tempos distantes,
em que se lhe afigurava que a criatura humana vivia com mais naturalidade e, por isso, mais
próxima às fontes da felicidade e da poesia".[50]
Outras, porém, como a série das Pompeianas, são imagens prosaicas
e historicistas que se assemelham em espírito, se não em
ambientação, à temática das cenas de gênero burguesas e
urbanas.[13] Noutras ainda, como em Ninfas surpreendidas e
Caçadora de borboletas, que realçam o corpo feminino nu, ele pôde
destilar toques discretos de erotismo.
[81] Em muitas obras de gênero,
como já se mencionou, em que retratou pastores e camponeses de
sua própria época, também se nota a influência classicista em suas
atmosferas e cenários bucólicos e numa representação idealizante
dos tipos humanos.[60][70][92]
Seus retratos são pouco conhecidos e estudados. As poucas
apreciações que há discordam em aspectos fundamentais, embora
sempre encontrem grandes virtudes nos melhores exemplares, como
os de sua mãe, de sua esposa, de seu irmão Inácio e de Bruno Chaves.
Angelo Guido considerava que ele demonstrou uma notável capacidade de concentração formal e
economia de meios, prescindindo de detalhes e da descrição da vida interior dos sujeitos para criar
obras de qualidades puramente pictóricas. Já Neiva Bohns qualificou alguns como admiráveis por
razões opostas, encontrando neles obras de sensível registro emocional e minuciosa representação
de detalhes.[8][93]
Retratos
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 20/31
Apontamentos de animais, grafite
Nu recostado, carvão e pastel, 1883. Coleção
particular
Cena antiga, 1916, gravura em metal. Museu de
Arte do Rio Grande do Sul
Alguns retratos, os da elite, se aproximam das cenas de gênero, mostrando personagens em
ambientes sofisticados indicativos de sua alta posição, e entretidos em lazeres de índole cultural.
Um bom exemplo é o Retrato da Senhora Bruno Toledo, instalada em uma sala repleta de
ornamentos caros e tocando uma grande harpa dourada. Várias outras peças também podem ser
entendidas como retratos embora não se possa saber a identidade do modelo, como Gueixa, Moça
no jardim, Indecisa e Preparada para o baile.
[60][94]
Sua obra em desenho - com vários materiais:
grafite, nanquim, aquarela, pastel - é de toda a sua
produção a parte menos conhecida e a menos
acessível. Os cerca de 60 desenhos e alguns blocos
de notas que hoje se conhecem dele constituem
provavelmente apenas uma ínfima fração do que ele
produziu, mas são importantes porque dão uma
ideia do seu método de trabalho e atestam o seu
domínio do traço. O desaparecimento desses
trabalhos se deve a que não se destinavam à
exposição ou ao comércio, mas em geral eram
simples estudos de anatomia ou esboços
preparatórios para obras em pintura, mas alguns
são, no entender de Alfredo Nicolaiewsky, perfeitas
obras de arte. Como para todos os acadêmicos, o
desenho era fundamental no seu processo criativo, e
realizou inúmeros estudos e apontamentos para
suas composições definitivas, pois pouco lugar para
o improviso existia dentro do rigoroso método
acadêmico.[75]
Angelo Guido assim o descreve:
"Pelo que se pode deduzir de vários
cadernos que examinamos, não viajava
nunca, não realizava mesmo um
passeio.... sem levar o seu pequeno
caderno em que ia anotando o que lhe
interessava ou podia servir-lhe para
uma composição. E os desenhos
miúdos, cuidados ou rápidos, mas
sempre reveladores de perícia
surpreendente e da elegância
conquistada pelo seu traço, iam
enchendo páginas e páginas,
constituindo um dos aspectos da sua
obra sumamente interessante, não só
pelo que nos revela do seu valor como
desenhista, como observador agudo e
estudioso apaixonado do conteúdo
estético das coisas, mas também pelo
que documenta relativamente aos seus
processos de trabalho, ao cuidado e
honestidade com que era a sua obra de arte elaborada".[95]
Desenho
Gravura
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 21/31
Caricatura de
Weingärtner feita por
Henrique Bernardelli,
1894. Suas asas têm
a forma de paleta de
pintor
Paulo Gomes considera sua obra gravada não menos importante do que sua obra pictórica, mesmo
que neste campo sua produção tenha sido reduzida, principalmente porque ele foi um dos
precursores da gravura em metal no Brasil.[96] Além disso, suas peças são de elevada qualidade
estética e demonstram seu perfeito domínio das técnicas da água-forte, a mais comum, onde
predomina o grafismo, e da água-tinta, menos frequente, que possibilita a obtenção de efeitos
pictóricos. Quase todas são monocromáticas, mas uma delas é uma monotipia a cores. Em sua
maioria possuem pequenas dimensões. Não se sabe com quem aprendeu a gravar, e como no Brasil
ainda não havia equipamento adequado, foram realizadas na Itália. Seu estudo é dificultado pela
ausência, em algumas delas, de marcações de tiragem, data, assinatura e outras informações
técnicas que hoje são padronizadas, e é possível que tenham sido feitas tiragens póstumas ou
clandestinas, pois no conjunto a qualidade da impressão é desigual. Segundo análise de Anico
Herskovits, aparentemente as impressões originais são, em geral, aquelas em tinta sépia, e as
impressas em preto são posteriores. Algumas são reproduções de pinturas de sua autoria, um
hábito comum em seu tempo e que objetivava facilitar a divulgação e o comércio de suas imagens.
Assim como suas pinturas, se caracterizam pela grande meticulosidade no tratamento dos
detalhes. Seus temas são variados, incluindo paisagens, retratos, cenas gauchescas e cenas
mitológicas.[96][97][98][99]
Sobre estas, disse Neiva Bohns:
"Nestas gravuras, os personagens aparecem sempre em estado contemplativo, ou de
perfeita integração com o ambiente natural. Inteiramente livres das convenções
sociais, e adaptados a uma natureza embriagante, mostram-se à vontade, e seus
corpos, freqüentemente desnudados, não parecem agredir princípios morais da
sociedade européia novecentista, embora possam ter sido perturbadores para a
parcela da conservadora sociedade gaúcha que as conheceu, ainda sem repertório
suficiente no que se refere aos assuntos da cultura clássica".[8]
Durante quase toda a sua trajetória madura, como já foi dito, sua obra
encontrou um público muito receptivo, e foi louvado repetidas vezes como
um pintor ilustre. Na sua primeira individual no Rio, em 1888, foi saudado
como "o primeiro pintor brasileiro", pois "nenhum compatriota nosso
chegou, com o pincel, a tanta perfeição no desenho, tanta fineza no
acabado e tanta observação no estudo".[8][61] Uma crônica de janeiro de
1894 na Gazeta de Notícias carioca afirmava que sua obra "agrada a todo
gênero de pessoas e satisfaz tanto ao crítico quanto ao artista e ao
diletante".[68]
Em outubro, o mesmo jornal voltou a prestigiá-lo:
"A nós faz-nos conta dizer que o Pedro é brasileiro, pois que
deixou o umbigo no Rio Grande do Sul, e gaba-se de ser
guasca. Henrique Bernardelli desenhou-o com asas; é que as
tem, o diabo do Pedro, e tem voado por esses ares fora,
fazendo-se um artista com quem se deve contar. Na exposição
atual, Weingärtner está bem representado, e os amadores
(colecionadores) parecem dispostos a deixar-lhe o atelier
vazio. Pouco importa; ele não tem medo de trabalhar, e em
breve o veremos, de volta dos seus pampas, oude Berna, ou
da Alemanha com um novo sortimento de trabalhos, em que
sempre há a notar um passo adiante. É que o Pedro não é um oficial de pintura; é um
pintor em toda a extensão da palavra".[72]
No panorama da pintura do seu estado, mesmo ausente por longos períodos, ele foi a figura
dominante até pouco antes de morrer, com o auge de sua influência na década de 1910, mesmo
quando já apareciam em cena outros nomes de valor, como Oscar Boeira, Libindo Ferrás e
Fortuna crítica
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 22/31
Retrato do artista
Leopoldo Gotuzzo.
[59] Uma notícia no Correio do Povo em 1900 dá uma
boa ideia do apreço que lhe devotavam em sua terra:
"Encontra-se de novo entre nós o insigne pintor rio-grandense
Pedro Weingärtner que volta da Itália, a repousar do trabalho
junto da família, na terra que se orgulha de tê-lo como filho. O
nosso patrício, que descende de uma família de modestos
artistas, tem sabido honrar no Velho Mundo o nome brasileiro
e dar lustre a seu estado natal. Ao mérito indiscutível de artista
exímio, considerado por muitos como o primeiro pintor
brasileiro, Weingärtner junta a glória de se haver feito por si,
iniciando sua carreira desajudado da fortuna, sem proteção
estranha e não confiando mais que no próprio esforço,
alentado por uma grande força de vontade".[8]
Raras vezes recebeu críticas em vida, das quais merecem nota artigos publicados pelo modernista
Gonzaga Duque, nos quais, se por um lado elogiou sua meticulosidade e técnica requintada, por
outro enxergou em suas composições um caráter dispersivo e meramente cumulativo. Num dos
textos disse:
"Vendo os quadros do Sr. Pedro Weingärtner lembro-me do trabalho daquele obscuro
construtor naval. Todos esses alfarrábios, panos, escrínios, leques, rosários, carteiras
de colecionador, todas essas recordações de viagens, de tempos, de história, de artes,
de arqueologia, e essas cabeleiras empoadas, esses rostos, esses corpos do Espólio
(título de uma pintura) custaram ao artista um trabalho fatigante, um ano de existência
dispendido em alguns meses de paciência, de observação e de cuidados. E tudo isso
reunido, dificilmente dá uma impressão intensa. [...] Não quero dizer com isso que os
quadros do Sr. Pedro Weingärtner sejam defeituosos. As suas telas têm incontestável
valor, tomadas como reunião de acessórios escrupulosamente concluídos".[61]
Também é de lembrar a polêmica em que se envolveu em 1909 a respeito de uma tela
encomendada pelo governo riograndense, que deveria mostrar uma cena gauchesca e ser instalada
no salão nobre de um navio da marinha brasileira a ser batizado com o nome do estado. Intitulada
Rodeio, ao ser exibida foi massacrada pela imprensa e pelo público, que consideraram sua
descrição dos tipos regionais pouco fiel, com erros na representação da indumentária e dos
apetrechos de trabalho rural. Como resultado, a encomenda foi cancelada. Esta grita, cuja
virulência foi única em um currículo recheado de sucessos, não obstante serviu, como disse Neiva
Bohns, para abrir uma discussão frutífera no estado.[8] Não importando se a crítica foi ou não
justa,
"O fato inaugura o primeiro debate público sobre arte (ou melhor, sobre formas de
representação pictórica) que se tem notícias no sul do país, com intensa participação
de setores populares, que detinham maior ou menor conhecimento sobre as lides
campeiras – e muito pouco sobre pintura – e identificavam as falhas de representação.
É claro que se pode também entender esta rejeição coletiva à obra de Pedro
Weingärtner como um prenúncio de seu declínio artístico e social, já que um artista tão
fortemente ligado ao projeto imperial não tinha condições de ser incorporado com
facilidade à era republicana".[8]
Na década de 1920, com efeito, o ambiente artístico nacional e estadual já estava sendo
impregnado pela proposta modernista, surgindo uma nova geração de pintores que passou a
representar séria concorrência para os acadêmicos convictos como ele.[32][52] Em 1923 Ercole
Cremona no Rio ainda dizia que os muitos adjetivos que lhe dirigiam não tinham nada de
gratuitos,[15] mas foi sintomático do novo estado de coisas que sua derradeira exposição em Porto
Alegre, em 1925, apesar de recebida com entusiasmo na imprensa, teve um público inexpressivo,
foi encerrada antes do prazo previsto e foi um fracasso de vendas. Pelos motivos expostos, logo
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 23/31
Ateliê em Roma (1910)
Atelier de Pedro Weingärtner em
Roma, 1890. Coleção particular
depois de sua morte sua obra caiu na obscuridade.[32][52]
Também contribuiu para a perda de sua memória ele não ter
fundado uma escola estética na província, nem ter aceitado
alunos,[25] e ter sido um descendente de alemães num período
em que o Brasil se engajava em um projeto nacionalista e
xenófobo.
[63]
Depois de vários artigos escritos por Olinto de Oliveira ainda
em sua vida,[2] somente em 1956 ele foi objeto de um estudo
sistemático, realizado pelo influente crítico e professor local
Angelo Guido, que resultou em um livro, Pedro Weingärtner,
que até hoje permanece como a referência básica sobre ele.
Athos Damasceno apresentou um ensaio em 1971, em grande
parte baseado em Guido, incluído no seu livro Artes Plásticas
no Rio Grande do Sul.
[2][61][74] Sua reputação na década de
1980 entre importantes críticos do centro do país não era
muito lisonjeira: Quirino Campofiorito o considerou
excessivamente apegado ao detalhe, produzindo obras "em que
a minúcia parece responder por toda a razão do quadro", mas
também elogiou sua paleta limpa e sua pincelada ágil,
afirmando que "não poucos de seus quadros, embora afetados
por essa sobrecarga de minúcias, revelam o pintor sensível e
tecnicamente seguro, porém rigorosamente disciplinado para o
registro estritamente visual. É, essencialmente, um pintor
naturalista".[100] José Roberto Teixeira Leite em suma repetiu
o que já dissera Gonzaga Duque:
"Pedro Weingartner nada tem de um precursor de novas
tendências, que não sentiu, ou sentiu de muito longe. [...] Foi
sem dúvida, como lhe chamou Gonzaga Duque, um 'paciente
e meticuloso mouchiste (miniaturista) das figurinhas liliputianas
e das paisagens microscópicas'; mas teve também emoção, tolhida embora por uma
sensibilidade que, fugindo deliberadamente ao mundo e ao tempo em que vivia, achou
refúgio no ambiente ideal de uma perdida Beleza".[101]
Novos estudos tiveram de esperar até o fim do século XX para aparecerem, sendo empreendidos
principalmente por um grupo de pesquisadores gaúchos, entre eles Paulo Gomes, Alfredo
Nicolaiewsky, Círio Simon, Maria Lúcia Kern, Ana Albani de Carvalho, Susana Gastal e Neiva
Bohns, fazendo leituras sobre aspectos de sua obra e trazendo à luz novas
informações.[8][32][61][63][66][67][74][102] Talvez não seja de surpreender que eles se devam aos
próprios gaúchos, considerando que a maioria dos pesquisadores da arte acadêmica brasileira
atuam no centro do país e historicamente se concentraram quase só no que se produzia no eixo Rio
de Janeiro-São Paulo, deixando as outras regiões à sombra e aplicando o termo "regionalismos"
como um rótulo pejorativo, mas como lembrou Amélia Siegel Corrêa, em tese defendida na
Universidade de São Paulo, "estudos recentes têm mostrado cada vez mais a relevância artística e
social dessas produções, como é o caso de Weingärtner, cuja obra tem sido rediscutida e
reavaliada".[77][102]
Para os críticos riograndenses, no entanto, ele é outra vez uma unanimidade, voltando a ocupar a
posição de o mais insigne pintor da escola acadêmica nativo do estado, visto como um personagem
decisivo para o amadurecimento da arte local, até então praticada em geral de forma amadora, mas
mesmo que sua biografia seja conhecida em linhas gerais, os detalhes estão quase sempre ausentes
ou são imprecisos e contraditórios, e estão à espera de estudos mais abrangentes e esclarecedores.
Mas essa pesquisa é dificultada por hábitos do próprio pintor, como já alertava Guido em 1956:
"Das fotografias guardadas dos seus quadros Weingärtner nunca anotou o título, nunca tomou
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 24/31
Convite de exposição gravado pelo
próprio Weingärtner, com um auto-
retrato, 1919. Coleção particular
Modelos no atelier. À extrema
direita, o pintor
nota das pessoas, museu ou associação a que vendeu
numerosas das suas obras, cujo destino ignoramos. O trabalho
para elaborar uma lista, embora incompleta, das obras
pintadas por Weingärtner foi enorme". O inventário que fez
listou 196 pinturas e 15 gravuras, mas Athos Damasceno deu
uma outra lista. Paulo Gomes analisou ambas e concluiu que "a
tentativa de comparar as duas listas [...] resulta num imbróglio
inacreditável devido à discordância de dados, principalmente
dos títulos, além da ausência de medidas e descrição dos temas,
impedindo assim uma lista definitiva". Sua correspondência,
como já foi dito, perdeu-se na maior parte.[61] Angelo Guido
teve a sorte de poder consultar muitos documentos originais
que estavam em posse do médico do pintor, mas depois
igualmente foram perdidos.[103] Do seu pensamento artístico,
sua visão de mundo, não restaram quase registros, e sua vida
privada ainda é uma completa incógnita. Ainda são necessárias
muitas pesquisas para que sua trajetória e contribuição sejam
corretamente entendidas e apreciadas. Como assinalou Paulo
Gomes, "acreditamos que a certeza da importância da sua obra
criou uma aura impenetrável de consagração e também de
silêncio".[61] Suas pinturas fazem parte do acervo de coleções
privadas e muitos museus importantes, já são outra vez bem
valorizadas no mercado local e mesmo nos maiores centros do
país — sua tela O Discurso e a Admiração em 2012 entrou num
leilão em São Paulo ao lance inicial de 225 mil reais[104]
—, mas
sua obra em gravura e desenho está em grande parte dispersa e
raramente é lembrada.[61]
Mesmo entre todas as dificuldades, os esforços para sua
recuperação têm conseguido importantes conquistas. Diversos
ensaios vêm sendo-lhe dedicados, muitos deles publicados na
revista eletrônica 19&20, focada no mundo artístico brasileiro
entre o século XIX e início do século XX;[74][105] sua obra
gráfica já foi trazida à luz parcialmente em duas exposições,
ambas em Porto Alegre: A obra gravada de Pedro
Weingärtner, e Pedro Weingärtner: obra gráfica,
[74] e em
2009-2010 foi organizada sua maior retrospectiva, intitulada Pedro Weingärtner: Um Artista
entre o Velho e o Novo Mundo, com cerca de 150 obras em várias técnicas de acervos públicos e
privados, e que foi exibida na Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Museu Nacional de Belas
Artes e no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, com grande repercussão nacional.[76][106][107] De
fato, mais do que ser apenas uma bela mostra, ela representou um grande impulso nas pesquisas
sobre o artista, ainda tão desconhecido, mobilizando um pequeno batalhão de historiadores,
críticos de arte, instituições, galerias e colecionadores em esforço conjunto.[108] Maria Hirszman,
crítica de arte do jornal O Estado de São Paulo, disse que a retrospectiva era a correção de uma
injustiça histórica,[107] e foi considerada uma das mais importantes exposições do ano pelo crítico
Tadeu Chiarelli, em matéria para a Folha de São Paulo.
[62] Ruth Tarasantchi, que idealizou e fez a
curadoria geral da retrospectiva, disse que os três grandes museus envolvidos deram total apoio ao
projeto, reconhecendo Weingärtner como um grande mestre merecedor de maior atenção. A
curadora também reconheceu o valor da biografia pioneira de Angelo Guido, dizendo que a
pesquisa recente tem confirmado as informações que ele transmitiu.[102] Todas as três exposições
produziram catálogos com textos críticos. Alfredo Nicolaiewsky sintetizou o estado da arte sobre
ele: "Não sendo ainda o levantamento completo de sua obra, já é possível ter-se uma boa visão do
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 25/31
conjunto. A partir deste material podemos começar a estudar questões internas à obra, aspectos
que somente agora se tornaram visíveis".[74] Paulo Gomes também está desenvolvendo uma
pesquisa para elaborar o primeiro inventário sistemático de sua obra pictórica e gravada.[109]
Por ser um processo recente de resgate, o grande público ainda o desconhece e ele ainda não
recebeu a devida atenção da crítica brasileira em mais larga escala.[13][25][61] Para muitos
estudiosos ele é um artista menor, como informou Círio Simon: "O século XXI, que se julga acima
do raio e do trovão, certamente pode ignorar a obra de Pedro Weingärtner ou, no máximo, espetar-
lhe, nas costas, um alfinete e incluí-lo na coleção dos 'pequenos mestres' ", apesar de ter em vida
sido considerado um dos mais importantes pintores do Brasil e ter sido o primeiro artista gaúcho a
fazer um nome no estrangeiro.[13][25][61] Para Neiva Bohns, "infelizmente, a história deste artista,
como de muitos outros que não aderiram aos procedimentos modernistas, ficou estigmatizada por
uma classificação em que tudo o que se refere ao academismo parece lembrar conformismo,
subserviência aos padrões estrangeiros e espírito conservador".[8]
Jardineira tirolesa,
1885. Coleção
particular
Fios emaranhados,
1892. Coleção
particular
Passarinheiros,
1893. Coleção
particular
Caçadora de
borboletas, 1904.
Pinacoteca APLUB
Casamento de
conveniência, 1909.
Coleção particular
Cena campestre,
sem data. Coleção
particular
O fidalgo (vista de
Bento Gonçalves,
na região de
colonização
italiana), 1913.
Coleção particular
Retrato de Elisabeth
Schmitt, 1918.
Museu Nacional de
Belas Artes
Salvo indicação de outra referência, os dados foram obtidos do Instituto Itaú Cultural.
[110][111] A
lista possivelmente é incompleta.
Lista de exposições
Individuais
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 26/31
Em Porto Alegre: 1878 (Loja Rosa e Irmão), 1887,[112]
1893,[2]
1894 (Drogaria Inglesa),[2]
1894,[2]
1895 (várias pequenas exposições),[2]
1897 (Ao Preço Fixo),[2]
1898,[2]
1899
(Litografia Weingärtner),[2]
1900 (Ao Preço Fixo),[2]
1913 (Casa Luiz Voelcker), 1924 (Clube
Caixeral), 1925 (Galeria Jorge), 1925 (Casa Jamardo).
No Rio de Janeiro: 1888, 1889, 1911, 1922.
Em São Paulo: 1900, 1905, 1910 (Liceu de Artes e Ofícios), 1923.
Em Pelotas: 1920.[113]
Em Porto Alegre: 1881 (Exposição Brasileira-Alemã), 1901 (Exposição Comercial e Industrial -
medalha de ouro).
No Rio de Janeiro: 1884 (26a Exposição Geral de Belas Artes, Academia Imperial de Belas
Artes), 1890 (Exposição Geral de Belas Artes, Escola Nacional de Belas Artes - ENBA), 1894,
1895, 1896, 1898, 1902, 1905, 1906, 1908, 1909, 1922 (1a, 2a, 3a, 5a, 9a, 12a, 13a, 15a, 16a,
29a Exposição Geral de Belas Artes, ENBA).
Em São Paulo: 1911 (1a Exposição Brasileira de Belas Artes, Liceu de Artes e Ofícios), 1922
(1a Exposição Geral de Belas Artes, Palácio das Indústrias).
Em Paris: 1891 (Sociedade dos Artistas Franceses),[114]
1898 (Salão de Paris), 1900.
(Exposição Universal), 1900 (com Pedro Américo e Eliseu Visconti).
Em Chicago: 1893 (Exposição Universal).
Em Londres: 1897 (Salão de Londres - participação incerta).[2]
1. Guido, Angelo. Pedro Weingärtner. Divisão de Cultura da Secretaria de Educação e Cultura do
Estado do Rio Grande do Sul, 1956, pp. 12-16
2. Damasceno, Athos. Artes Plásticas no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora Globo, 1971,
pp. 196-216
3. Guido, pp. 17-19
4. Guido, pp. 19-21
5. Guido, pp. 21-30
6. Guido, pp. 23-25
7. Guido, pp. 31-32
8. Bohns, Neiva Maria Fonseca. "Realidades simultâneas: Contextualização histórica da obra de
Pedro Weingärtner" (http://www.dezenovevinte.net/artistas/artistas_nb_weingartner.htm).
19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 2, abr. 2008
9. Guido, pp. 31-35
10. Tarasantchi, Ruth Sprung. "O Pintor Pedro Weingärtner". In: Pedro Weingärtner: um artista
entre o Velho e o Novo Mundo. Catálogo de exposição. Pinacoteca do Estado de São Paulo,
2009, pp. 22-23; 41
11. Guido, pp. 40-43
12. Guido, pp. 44-46
13. Dazzi, Camila. "Pedro Weingärtner e a Pintura Neo-pompeiana" (http://www.dezenovevinte.net/
obras/pw_pneopompeiana.htm). 19&20, Rio de Janeiro, v. IV, n. 2, abr. 2009.
14. Guido, pp. 72-74
15. Cremona, Ercole. "O Salão do Centenário" (http://www.dezenovevinte.net/egba/index.php?title
=CREMONA%2C_Ercole._O_Sal%C3%A3o_do_Centen%C3%A1rio._Illustra%C3%A7%C3%
A3o_Brasileira%2C_Rio_de_Janeiro%2C_jan._1923%2C_n/p.). Illustração Brasileira, Rio de
Janeiro, jan. 1923
Coletivas
Referências
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 27/31
16. Guido, pp. 44-49
17. Guido, pp. 59-62
18. Dazzi, Camila. "A Produção dos Professores e Alunos da Escola Nacional de Belas Artes na
Exposição de Chicago de 1893" (http://www.dezenovevinte.net/obras/chicago_1893.htm).
19&20, Rio de Janeiro, v. VI, n. 4, out./dez. 2011.
19. Dazzi, Camila. "Pensionistas da Escola Nacional de Belas Artes na Itália (1890-1900) -
Questionando o afrancesamento da cultura brasileira no início da República" (http://www.dezen
ovevinte.net/ensino_artistico/pensionista_1890.htm). 19&20, Rio de Janeiro, v. I, n. 3, nov.
2006.
20. Guido, pp. 99-105
21. Tarasantchi, p. 73
22. Paulitsch, Vivian da Silva. Impasses no Exercício da Feminilidade e da maternidade no tríptico
"La Faiseuse D’Anges" (A Fazedora de Anjos) do pintor Pedro Weingärtner (1853-1929). Tese
de Doutorado em História. Universidade Estadual de Campinas, 2009, pp. 40-50
23. Guido, p. 127
24. Guido, pp. 131-132
25. Simon, Círio. Weingärtner e a Escola de Artes, 16/04/2010, pp. 1-3. Disponível no blog do
historiador
26. Guido, pp. 144-146
27. Guido, pp. 146-147
28. Guido, pp. 86-87
29. Biscardi, Afrânio; Rocha, Frederico Almeida. "O Mecenato Artístico de D. Pedro II e o Projeto
Imperial" (http://www.dezenovevinte.net/ensino_artistico/mecenato_dpedro.htm). 19&20, Rio
de Janeiro, v. I, n. 1, mai. 2006
30. Fernandes, Cybele Vidal Neto. "O Ensino de Pintura e Escultura na Academia Imperial das
Belas Artes" (http://www.dezenovevinte.net/ensino_artistico/aiba_ensino.htm). 19&20 II (3),
julho de 2007
31. Dazzi, Camila."A Reforma de 1890 - Continuidade e Mudanças na Escola Nacional de Belas
Artes (1890-1900)" (http://www.unicamp.br/chaa/eha/atas/2007/DAZZI,%20Camila.pdf)
Arquivado em (https://web.archive.org/web/20160304191529/http://www.unicamp.br/chaa/eha/
atas/2007/DAZZI,%20Camila.pdf) 4 de março de 2016, no Wayback Machine.. Anais do III
Encontro Nacional de História da Arte, IFCH / UNICAMP, 2007, pp. 194-204
32. Carvalho, Ana Maria Albani de. "A Paisagem em Pedro Weingärtner (1853 - 1929): algumas
hipóteses de trabalho" (http://www.dezenovevinte.net/artistas/pw_amac_paisagem.htm).
19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 3, jul. 2008
33. Duro, Paul. "Academic Theory: 1550-1800". In Smith, Paul & Wilde, Carolyn. A companion to
art theory. Wiley-Blackwell, 2002. pp. 89-90
34. Guido, pp. 53-55
35. Weingärtner, Pedro. "Programa para a aula de Dezenho Figurado da Escola Nacional de
Bellas Artes" (http://www.dezenovevinte.net/documentos/programas_enba.html). Acervo
Arquivístico do Museu Dom João VI EBA/UFRJ. Notação 179. In: Valle, Arthur. Programas das
disciplinas práticas do Curso de Pintura da Escola Nacional de Belas Artes durante a 1a
República. Disponível em 19&20
36. Maurer, Naomi. The pursuit of spiritual wisdom: the thought and art of Vincent van Gogh and
Paul Gauguin. Fairleigh Dickinson University Press, 1998, pp. 5-6
37. Smith, Paul; Wilde, Carolyn. A companion to art theory. Wiley-Blackwell, 2002, p. 106-108
38. "Academicismo". Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Atualizado em 29/12/2008
39. Schwarcz, Lilia Moritz. O Sol do Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos artistas
franceses na corte de d. João. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. pp. 65-72
40. Paim, Ivan Soares. "Modernistas contra Acadêmicos? A pintura de Hugo Adami". Poéticas
Visuais, vol. 2, agosto de 2011, pp. 27-34
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 28/31
41. Trodd, Colin & Denis, Rafael Cardoso. "Introduction: academic narratives". In: Trodd, Colin &
Denis, Rafael Cardoso. Art and the academy in the nineteenth century. Manchester University
Press, 2000, pp. 2-3
42. Kaufmann, Thomas DaCosta. Toward a geography of art. University of Chicago Press, 2004.
pp. 54-55
43. "Academy of Art". Encyclopædia Britannica. 15/05/2009
44. Denis, Rafael Cardoso. "Academicism, Imperialism and national identity: the case of Brazil's
Academia Imperial de Belas Artes", in Denis, Rafael Cardoso; Trod, Colin. Art and the
academy in the nineteenth century, Manchester University Press, 2000, pp. 207
45. Quírico, Tamara. "Comentários e críticas de Gonzaga Duque a Pedro Américo". 19&20, Rio de
Janeiro, v. I, n. 1, mai. 2006
46. Guido, pp. 27-30
47. Tarasantchi, pp. 78; 133-134
48. Nicoli, Sandra; Siqueira, Sueli; Santos, Mauro Augusto dos. "A trajetória dos primeiros
imigrantes italianos na Microrregião de Aimorés – um registro da memória dos seus
descendentes" (http://web.cedeplar.ufmg.br/cedeplar/seminarios/ecn/ecn-mineira/2012/arquivo
s/A%20trajet%C3%B3ria%20dos%20primeiros%20imigrantes%20italianos%20na%20Microrre
gi%C3%A3o%20de%20Aimor%C3%A9s.pdf) Arquivado em (https://web.archive.org/web/2015
0929090039/http://web.cedeplar.ufmg.br/cedeplar/seminarios/ecn/ecn-mineira/2012/arquivos/
A%20trajet%C3%B3ria%20dos%20primeiros%20imigrantes%20italianos%20na%20Microrreg
i%C3%A3o%20de%20Aimor%C3%A9s.pdf) 29 de setembro de 2015, no Wayback Machine..
XV Seminário sobre a Economia Mineira. Centro de Desenvolvimento e Planejamento
Regional da UFMG, 29 a 31 de agosto de 2012, p. 3
49. Trento, Angelo. Do outro lado do Atlântico: um século de imigração italiana no Brasil. Studio
Nobel, 1989. pp. 25-34
50. Guido, pp. 49-52
51. Guido, p. 33
52. Gastal, Suzana. "Imagens e Identidade Visual". In Bulhões, Maria Amélia (org.). Artes Plásticas
no Rio Grande do Sul: Pesquisas Recentes. Porto Alegre: EDIUFRGS, 1995, pp. 23-42
53. Macedo, Francisco Riopardense de. Porto Alegre: Origem e Crescimento. Porto Alegre:
Prefeitura Municipal, 1999
54. Noal Filho, Valter Antonio. Os viajantes olham Porto Alegre: 1754-1890. Santa Maria: Anaterra,
2004, p. 110-111
55. Pieta, Marilene Burtet. A Modernidade da Pintura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre:
Sagra/Luzzatto, 1995, p. 35
56. Damasceno, pp. 67-136; 246-247
57. Simon, Círio. Origens do Instituto de Artes da UFRGS - Etapas entre 1908-1962 e
Contribuições na Constituição de Expressões de Autonomia no Sistema de Artes Visuais do
Rio Grande do Sul. Tese de Doutorado. Porto Alegre: PUC, 2003. pp. 4-21
58. O ambiente artístico era limitado a ponto de suas exposições, na inexistência de galerias de
arte, precisarem acontecer em armazéns e bazares; uma vez chegou a expor numa farmácia.
Muitas de suas mostras na cidade, por isso, trouxeram poucos quadros, e mais de uma vez
expôs apenas uma tela, embora nestes casos sempre de grandes dimensões. Cf. Damasceno
pp. 196-216; 244-247
59. Oliveira, Luciana da Costa de. O Rio Grande do Sul de Aldo Locatelli: Arte, Historiografia e
Memória Regional nos Murais do Palácio Piratini. Dissertação de Mestrado em História. PUC-
RS, 2011, pp. 225-226
60. Gomes, Paulo. "A Carreira e Obra de Pedro Weingärtner". In: Pedro Weingärtner: um artista
entre o Velho e o Novo Mundo. Catálogo de exposição. Pinacoteca do Estado de São Paulo,
2009, pp. 193-211
61. Gomes, Paulo César Ribeiro. "Alguns Comentários sobre Pedro Weingärtner" (http://www.deze
novevinte.net/artistas/pw_pg.htm). 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 3, jul. 2008
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 29/31
62. Chiarelli, Tadeu. "Pinacoteca relembra pintura de gaúcho" (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ac
ontece/ac2507200902.htm). Folha de S.Paulo, 25/07/2009
63. Simon, Círio. Brasilidade e Germanidade, 01/05/2012. Disponível no blog do historiador
64. Migliacio, Luciano. "O século XIX". In: Mostra do Redescobrimento. São Paulo: Fundação
Bienal de São Paulo / Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000. p. 180
65. Tarasantchi, p. 134
66. Gastal, Susana. "Pedro Weingärtner: sob o olhar fotográfico" (http://www.dezenovevinte.net/arti
stas/pw_sg_fotografia.htm). 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 3, jul. 2008
67. Fochesatto, Cyanna Missaglia de & Kern, Maria Lúcia Bastos (orientadora). "A pintura
regionalista de Pedro Weingärtner (1853 - 1929)". XI Salão de Iniciação Científica. PUCRS, 09
a 12 de agosto de 2010
68. "Exposição Geral de Belas Artes. Pedro Weingärtner" (http://www.dezenovevinte.net/egba/inde
x.php?title=EXPOSI%C3%87%C3%83O_GERAL_DE_BELAS-ARTES._PEDRO_WEINGART
NER._Gazeta_de_Noticias%2C_Rio_de_Janeiro%2C_9_out._1894%2C_p.2.). Gazeta de
Noticias, Rio de Janeiro, 9 out. 1894, p. 2
69. Amador, Bueno. "Belas Artes: O Salão de 1906". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 25/09/1906,
p.2
70. Paulitsch, Vivian S. "As influências na obra de Pedro Weingärtner (1853-1929)" (http://www.de
zenovevinte.net/artistas/pw_vp_influencias.htm#_ednref8). 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 3,
jul. 2008
71. Tarsantchi, pp. 151-154
72. Gazeta de Noticias, Rio de Janeiro, 10 out. 1894, p. 1
73. Amador, Bueno. "Belas Artes: O Salão de 1909". Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 6 set. 1909,
p. 3
74. Nicolaiewsky, Alfredo. "A repetição na obra de Pedro Weingärtner" (http://www.dezenovevinte.
net/coloquio_2010/resumos/alfredo.htm)[ligação inativa]
. Resumo. II Colóquio Nacional de
Estudos Sobre Arte Brasileira do Século XIX. Fundação Casa de Rui Barbosa, 22 a 26 de
fevereiro de 2010
75. Nicolaiewsky, Alfredo. "Os Desenhos de Pedro Weingärtner" (http://www.dezenovevinte.net/arti
stas/pw_an_desenhos.html). 19&20, Rio de Janeiro, v. III, n. 3, jul. 2008.
76. Gomes, Paulo. "Pintor gaúcho desfruta de notável reconhecimento nacional" (http://zerohora.cli
crbs.com.br/rs/noticia/2009/12/pintor-gaucho-desfruta-de-notavel-reconhecimento-nacional-276
1137.html). Zero Hora, 28/12/2009
77. Corrêa, Amélia Siegel. Alfredo Andersen (1860-1935): Retratos e Paisagens de um Norueguês
Caboclo. Tese de Doutorado em Sociologia. Universidade de São Paulo, 2011, vol. I, pp. 149-
154
78. Giron, Loraine Slomp. Caxias do Sul: Evolução Histórica. Caxias do Sul: UCS/Prefeitura
Municipal; Porto Alegre: EST, 1977. pp. 29-33
79. Machado, Maria Abel. Construindo uma Cidade: História de Caxias do Sul - 1875-1950.
Maneco, 2001. pp. 50-51
80. Tarasantchi, pp. 81-115
81. Tarasantchi, p. 166
82. Santos, Kizzy Nicolle Schmidt dos & Avancini, Jose Augusto Costa (orient.). "Costumes e
Tradições Gaúchas na Pintura de Pedro Weingärtner". XIX Salão e XVI Feira de Iniciação
Científica, UFRGS, 21 a 26 de outubro de 2007, p. 936
83. Dias, Anelise & Appel, Janine. "Contradição Gaúcha". Revista O Viés, 10/08/2012
84. Avancini, José Augusto. "A pintura de paisagem gaúcha na Primeira República: Análise de
obras de Pedro Weingärtner e Libindo Ferrás". Anais do XXX Colóquio do Comitê Brasileiro de
História da Arte: Arte > Obra > Fluxos. Museu Nacional de Belas Artes / Museu Imperial, 19 a
23 de outubro de 2010
85. Guido, pp. 136-138
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 30/31
86. Rossi, Mirian Silva. "Circulação e mediação da obra de arte na Belle Époque paulistana". Anais
do Museu Paulista. São Paulo. N. Sér. v. 6/7. p. 83-119 (1998-1999). Editado em 2003
87. Malta, Marize. "A iconografia dos objetos decorativos na pintura acadêmica" (http://www.rj.anp
uh.org/resources/rj/Anais/2006/conferencias/Marize%20Malta.pdf)[ligação inativa]
. Usos do
Passado — XII Encontro Regional de História ANPUH-RJ, 2006
88. Tarasantchi, pp. 59-61
89. Tarasantchi, pp. 46-69
90. Tarasantchi, pp. 137-139; 153
91. Tarasantchi, pp. 123-127
92. Tarasantchi, pp. 142-150
93. Guido, pp. 83-
94. Tarasantchi, pp. 60-67
95. Guido, pp. 75-76
96. Gomes, Paulo. "A Gravura de Pedro Weingärtner". In: Núcleo de Gravura do Rio Grande do
Sul. A Obra Gravada de Pedro Weingärtner. Porto Alegre: Núcleo de Gravura do Rio Grande
do Sul/FUMPROARTE, 2006, pp. 5-12
97. "Weingärtner: Um precursor da gravura". Folha da Tarde, 02/09/2006
98. "Notas de Arte". Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 09/09/1909, p. 3
99. Herskovits, Anico. "Comentários Técnicos". In: Núcleo de Gravura do Rio Grande do Sul. A
Obra Gravada de Pedro Weingärtner. Porto Alegre: Núcleo de Gravura do Rio Grande do
Sul/FUMPROARTE, 2006, pp. 13-17
100. Campofirito, Quirino. "Pintores exponenciais formados pelo ensino da academia e os primeiros
sinais de renovação". In: Campofirito, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX.
Pinakotheke, 1983, p. 116
101. Leite, José Roberto Teixeira. "Pedro Weingärtner". In: Leite, José Roberto Teixeira. Dicionário
crítico da pintura no Brasil. Artlivre, 1988, p. 542
102. Tarasantchi, Ruth Sprung. "Minha descoberta de Pedro Weingärtner". In: Pedro Weingärtner:
um artista entre o Velho e o Novo Mundo. Catálogo de exposição. Pinacoteca do Estado de
São Paulo, 2009, p. 13
103. Tarasantchi, p. 123
104. "Leilão de Artes traz peças raras do meio musical e esportivo" (http://www.atribuna.com.br/noti
cias.asp?idnoticia=160587&idDepartamento=12&idCategoria=0). A Tribuna, 09/08/2012
105. Veja mais sobre Pedro Weingärtner em DezenoveVinte (http://www.dezenovevinte.net/bios/bio
_pw.htm)
106. "Margs apresenta primeira grande retrospectiva de Pedro Weingärtner" (http://www.jornalnh.co
m.br/estado/253251/margs-apresenta-primeira-grande-retrospectiva-de-pedro-weingartner.htm
l). Jornal Novo Hamburgo, 11/04/2010
107. Hirszman, Maria. "Weingärtner,um pintor na fronteira" (http://www.estadao.com.br/noticias/impr
esso,weingartnerum-pintor-na-fronteira,393787,0.htm). O Estadao de S.Paulo, 27/06/2009
108. Araújo, Marcelo Mattos (diretor executivo da Pinacoteca do Estado de São Paulo).
Apresentação. In: Pedro Weingärtner: um artista entre o Velho e o Novo Mundo. Catálogo de
exposição. Pinacoteca do Estado de São Paulo, 2009
109. Gomes, Paulo. "Informe sobre o Inventário Cronológico da Obra Pictórica e Gráfica de Pedro
Weingärtner" (http://www.dezenovevinte.net/coloquio_2010/resumos/paulo%20gomes.htm)
[ligação inativa]
. II Colóquio Nacional de Estudos Sobre Arte Brasileira do Século XIX. Fundação
Casa de Rui Barbosa, 22 a 26 de fevereiro de 2010
110. Exposições Individuais (http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?f
useaction=artistas_biografia&cd_verbete=3555&cd_item=14&cd_idioma=28555). Instituto Itaú
Cultural, 15/04/2005
111. Exposições Coletivas (http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fu
seaction=artistas_biografia&cd_verbete=3555&cd_item=33&cd_idioma=28555). Instituto Itaú
Cultural, 15/04/2005
11/11/2022 12:52 Pedro Weingärtner – Wikipédia, a enciclopédia livre
https://pt.wikipedia.org/wiki/Pedro_Weingärtner 31/31
Academia Julian
Victor Meirelles
Pedro Américo
«DezenoveVinte - Arte brasileira do século XIX e início do XX.» (http://www.dezenovevinte.net/
bios/bio_pw.htm)
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pedro_Weingärtner&oldid=64501379"